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Bruna Louise é a 1ª mulher a ter um solo de stand-up na Netflix: ‘Demolição das minhas inseguranças’

Humorista afirma que, em ‘Demolição’, quer que ‘as mulheres se sintam representadas’

Por Bárbara Correa
Atualização:
Bruna Louise conta sobre suas relações edivide traumas do abandono paterno no stand-up 'Demolição' Foto: Gabriel Meskita

No mês de junho, quem passasse pela Consolação, em São Paulo, era surpreendido com projeções da comediante Bruna Louise na laterais de grandes prédios com a frase #FogoNoPatriarcado. A reivindicação da humorista fez parte de uma ação para divulgar uma “demolição de tabus e crenças e inseguranças”. 

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Arrebatando a crença machista de que mulher não é engraçada, Bruna se tornou a primeira comediante mulher a lançar um solo de stand-up comedy na Netflix. Demolição foi lançado no dia 22 de junho na plataforma de streaming. 

Em entrevista ao Estadão, a artista explica que o nome de seu show foi idealizado a partir de duas perspectivas: social e individual. “Trata-se de uma demolição dos tabus de ser uma mulher em cima de um palco, de ter uma mulher fazendo um stand-up, ir contra o mito de que não somos engraçadas e do sabor que é ser uma mulher no maior streaming do mundo”, inicia. 

“O segundo ponto é justamente a demolição das minhas crenças, inseguranças, é a quebra dessas verdades que me fez continuar e ir tão longe. Porque, infelizmente, a gente é muito criada para não acreditar em si”, completa. 

No show, Bruna passa todo o tempo sozinha, sob o tablado gigante, onde no som, alternam-se a voz dela e as risadas, vindas de todas as mesas. São muitas. O cenário é bem ocupado por ela. 

Ela fala sobre a vida, ao mesmo passo em que destrói tudo com muita ousadia e inteligência. Em um stand-up de rir até “doer a barriga”, a humorista conta sobre suas relações, divide traumas do abandono paterno e o desenrolar dessa etapa que viveu. 

Demolição

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Bruna Louisedescreve seu humor como ácido e sarcástico Foto: Gabriel Meskita

Além dos temas mencionados, Bruna explica que também levanta um questionamento sobre o mito de Adão e Eva e os impactos disso para o desenvolvimento de sentimentos de culpa, comumente vivenciado pelas mulheres. 

“O meu show surgiu da minha vida, então ou estou falando de uma coisa que acabou de me acontecer ou que estou questionando naquele momento. Por exemplo, nesse solo da Netflix, eu falo de abandono paterno, quando fui conhecer meu pai, histórias da minha família, minha sobrinha, então são questões muito pessoais”, afirma. 

A comediante se descreve como encantadora, ácida e sarcástica e explica que, no seu trabalho, usa a técnica de storytelling (contar histórias) aliada a comédia. Para ela, além de entreter o público, esse aspecto pessoal na narrativa das histórias também gera uma identificação no público.

“Na verdade, essa questão da maturidade cômica é uma coisa que só vem com a experiência de palco. Eu tenho 12 anos de comédia mas os últimos foram muito intensos. É a maneira da gente encontrar nossa real persona. Eu, por acaso, sou muito parecida tanto no palco quanto na vida e tenho essa acidez, cutucadinha no deboche e um pouco de ironia”, conta. 

#FogoNoPatriarcado

Bruna Louise fez divulgação de seu stand-up com projeções em prédios em São Paulo. Foto: Gabriel Meskita

Ao comentar sobre a ação nos prédios de São Paulo, a humorista alega que seu stand-up é, sim, feminista, porém, justamente por ser baseado em vivências pessoas, ela não o enxerga como um manifesto. “Não estou falando das dores e lugares que não pertenço, mas o fogo no patriarcado é sobre não aguentar mais, né? Não aguentar ser submissa dos machos”, reflete.

Mesmo partindo de uma perspectiva individual, Bruna reconhece a grandiosidade de ser a primeira mulher a ter um solo de stand-up na Netflix: “Espero que meu trabalho abra mais portas para humoristas mulheres. O fato de ter alguém lotando teatros, talvez incentive outras mulheres. Além disso, espero que incentive quem gosta de mim a consumir outras mulheres”.

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Por fim, ela avalia os impactos de sua representatividade também para alguns humoristas homens que se valem de piadas para perpetuar o machismo. “Na verdade, acho que essas piadinhas estão diminuindo cada vez mais, porque estamos rindo cada vez menos”, inicia.

“Quando a gente ridiculariza o cara que faz essas piadas, talvez faça com que ele repense. Para as mulheres que estão na plateia, é justamente essa coisa de: chega de ridicularizar a gente, nós vamos ridicularizar eles. Quero que as mulheres se sintam representadas mesmo”, conclui.

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