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'Não me sinto uma estrela, sou só a Palmirinha que vendia salgadinho na rua'

Aos 85 anos, Palmirinha Onofre se mantém ativa na culinária e vai aparecer em filme

Por Marcel Hartmann
Atualização:
Palmirinha Onofre:“A velhice vem e é tão bonita. É bonito mostrar as rugas que a vida deixou". Foto: Marcel Hartmann/Estadão

Na casa de Palmirinha Onofre, todo dia tem comida da vovó. A apresentadora faz questão de cozinhar diariamente - a atividade canaliza a energia que emana da ativa personalidade da pequena senhora de 85 anos. A intimidade com a culinária, após 24 anos de TV e outras décadas de marmitex para venda, é grande. Mas ela ainda se espanta com o carinho do público. "Eu não me sinto uma estrela, para mim sou só a Palmirinha que vendia salgadinho na rua", diz, com os olhos arregalados.

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Para a vovó, sera Palmirinha é ser apenas a cozinheira que vendia lanches e realizava trabalhos domésticos para sustentar as três filhas. Humilde, sincera e um poço de simpatia, ela não deixa a fama subir à cabeça. Ao lembrar de um encontro com um casal de fãs, no qual a moça afirmou que ver a apresentadora era seu presente de aniversário de casamento, Palmirinha enche os olhos de lágrimas. "Isso me realiza. Sei que estou plantando algo nessas pessoas e que vou deixar alguma coisa de bom." 

Palmira Onofre é realmente um vó. Ao receber o E+ em sua casa, no bairro Vila Mariana, em São Paulo, ela oferece três quitutes: torta de frango com milho, bolo inglês com frutas cristalizadas e biscoito de maizena. "Na minha casa, ninguém sai de barriga vazia." 

Se no passado a culinária foi sustento e emancipação (o ofício ajudou na renda, após a separação do marido), hoje é símbolo de orgulho e graça. É com a venda de marmitex e salgadinhos que Palmirinha pagou a faculdade das três filhas e se transformou em uma das apresentadoras mais benquistas do Brasil. 

A entrada na televisão foi quase que por acaso, como convidada no programa de Silvia Poppovic, na Bandeirantes, com o tema 'criei meus filhos sozinha'. Em seguida, Ana Maria Braga, que era da Record, convidou a vovó para participar de seu programa, Note e Anote, na Record.   

Após cinco anos na emissora, Palmirinha comandou o TV Culinária na TV Gazeta, onde permaneceu ao vivo durante 11 anos. Em 2012, ela foi para o Programa da Palmirinha, na Fox Life, de onde saiu após romper relações com Anderson Clayton, intérprete do boneco Guinho. Ambos chegaram a ir à Justiça para resolver impasses - o processo acabou com um acordo. 

Hoje, a apresentadora se dedica à websérie Alô, Palmirinha, produzida pela Friboi, na qual ela veste jaqueta de couro e óculos de sol para dar dicas de preparo de carne, e às filmagens de receitas para seu site, o Vovó Palmirinha. Além disso, ela vai se focar no longa-metragem de comédia Internet - o Filme, com esquetes de Rafinha Bastos. 

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Parece muita atividade para uma vovó de 85? Talvez. Ela exibe, de fato, sinais de que pensa em dar um tempo para descansar mais. No entanto, os convites para seguir na ativa não param. E ela nunca foi de recusar serviço, ainda mais agora, com o carinho que recebe. "Em cada trabalho que faço, eu renasço e me fortifica. É a minha glória", diz. 

Apesar das décadas de experiência à frente da televisão, Palmirinha por vezes fica insegura. Hoje, os obstáculos são outros: o vigor não é o mesmo, nem a memória. No entanto, acanhar-se não é do seu feitio."Quando vem um programa difícil, fico nervosa. Mas continuo fazendo. Sempre digo que tem que meter a cara", diz. 

Tempo. Mãe de três filhos, vó de seis netos e bisavó de quatro pequenos, Palmirinha valoriza muito a família. Ela mora com a filha, Sandra, e o genro. "A velhice vem e é tão bonita. É bonito mostrar as rugas que a vida deixou. Sou feliz e realizada. Tudo o que pedi a Deus, para dar às minhas filhas, ele me deu", ressalta.

Agora, aos 85, ela tem mais tempo para se dedicar a quem sempre a motivou a ir para a frente das panelas. "Antes eu só trabalhava e não conseguia curtir a família. Hoje consigo". Apesar da fama, ela se mantém simples. "Eu venci com humildade e garra. Já fiz de tudo na vida: lavei carro, garagem, engraxei sapato, lavei cortina e fiz comida para fora. Mas você tem que lutar e esquecer o que passou. Tem que se jogar."

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