Quem é o Porquinho da Paulista? Conheça cantor que virou fenômeno na rua e viralizou no TikTok

‘Estadão’ acompanhou um dia de Jonathan de Jesus Oliveira, o Joow J, o jovem artista da fantasia de porco inflável que anima o público na mais famosa avenida de São Paulo

PUBLICIDADE

Foto do author Sabrina Legramandi
Por Sabrina Legramandi
Atualização:

Basta pisar na Avenida Paulista para ter contato com a diversidade cultural de São Paulo. E, com sorte, é possível encontrar de Elvis Presley a Michael Jackson em versões brasileiras. Mas, hoje, o grande fenômeno da via mais famosa da capital paulista é Joow J, nome artístico de Jonathan de Jesus Oliveira, de 29 anos. O Porquinho da Paulista.

O jovem é ‘viral’ nas redes sociais. Registros do Porquinho no TikTok ultrapassam milhões de visualizações. Mas o sucesso não se restringe à internet. Como o Estadão pôde presenciar, o artista é um verdadeiro fenômeno nas ruas.

Jonathan Jesus de Oliveira, de 29 anos, é o Porquinho da Paulista. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

PUBLICIDADE

A reportagem teve a oportunidade de acompanhar um dia de Jonathan na Paulista na última terça-feira, 3. A entrevista precisou ser interrompida por fãs do artista, que vinham em grupos tirar selfies - e a reportagem chegou a ajudar alguns curiosos e fãs na hora de fazer as fotos com a nova sensação da Paulista.

“Eu não esperava”, comenta o artista sobre a repercussão que seu trabalho ganhou. “Hoje, eu estou surpreso com o que está acontecendo. É tudo muito novo para mim.”

Pessoas se aglomeram para acompanhar a apresentação do Porquinho da Paulista. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Jovens pediam fotos, mas ninguém passa imune pelo Porquinho. “Então você é o Porquinho da Paulista?”, questionou um homem que o via vestir a fantasia – por cima, inclusive, de calças jeans e uma blusa com uma ilustração de porco. “O Porquinho!”, exclamou uma criança que passava rapidamente pela calçada de mãos dadas com a mãe.

Uma idosa resolveu parar para alguns minutos de conversa com Jonathan. “Você tinha sumido”, lamentou ela. A senhora se referia ao dia, na semana passada, em que o artista teria sido abordado por policiais. Segundo ele, não são raras as ocasiões em que sofra esse tipo de abordagem. Sobre aquele dia, o artista disse: “Mas fiquei feliz porque eu nem precisei falar nada. As pessoas foram lá e me defenderam”.

De onde veio o Porquinho?

Jonathan Jesus de Oliveira começou a usar a fantasia de Porquinho da Paulista no ano passado. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Ser artista de rua não é novidade para Jonathan. Há 10 anos, ele canta na rua, fazendo aquilo que admirava desde sempre. “Eu sempre gostei de ver essa arte de rua. Eu ia para o centro com a minha mãe e falava: ‘Um dia eu tenho que fazer isso’”, conta.

Publicidade

O cantor tem uma família relativamente grande: dois irmãos por parte de pai e dois por parte de mãe. Atualmente, porém, ele mora sozinho no Jardim Ângela, zona sul de São Paulo.

No início, Joow cantava descaracterizado, conciliando a música na rua com um trabalho CLT como auxiliar administrativo em um hospital. Hoje, ele leva consigo uma caixinha de contribuição em que diz viver “apenas da arte”.

Há três anos, ele começou a se apresentar com fantasias. Já cantou vestido de ‘sereio’ ou como Mario Bros, mas foi só no ano passado que “nasceu” o Porquinho. “Eu comecei em agosto [a vestir a fantasia], mas foi viralizar só agora em janeiro, fevereiro”, diz.

A fantasia inflável de porquinho rosa foi foi descoberta em um site chinês de compra, e ele logo pensou que esse seria seu novo personagem. “Eu criei uma conexão com o público com essa fantasia de porco. E essa sempre foi a ideia: me conectar com as pessoas”, afirma.

As pessoas já têm bastante acesso à música. Então, se eu for levar algo para a rua, precisa ser algo diferente.”

Joow J, o Porquinho da Paulista

Apresentação de Jonathan Jesus de Oliveira, o Porquinho da Paulista. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

PUBLICIDADE

Tímido, ele revela por vezes se sentir envergonhado com a repercussão, mas grato por “tocar o coração das pessoas e as fazer sorrirem um pouco”. Em uma plaquinha que pendura em sua caixa de som com a indicação de seu Pix, Jonathan se apresenta da seguinte forma: “Olá. Eu sou o Porquinho da Paulista, que vive cantando e levando um pouco de alegria pelas ruas. E, se você estiver em um dia ruim, pare um pouquinho aqui e me permita lhe fazer sorrir”.

Sonho é lançar disco e fazer show em teatro

Com a repercussão de seu trabalho, Joow já foi requisitado para cantar em festas. É comum, inclusive, que ele receba mensagens de pessoas que vão à Paulista para lhe ver cantar. O Porquinho cantou Cruel Summer e Blank Space, ambas de Taylor Swift, cantora bem presente no repertório das apresentações do artista, enquanto conversava com a reportagem.

O Porquinho da Paulista dança ao lado de amigos. Dentre eles, Lucas Jackson, que se apresenta interpretando Michael Jackson. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

“Ele sabe todas [da Taylor Swift]”, brincou o artista Lucas Jackson, amigo do Porquinho, que se apresenta interpretando Michael Jackson, o Rei do Pop. O início da apresentação com os hits da cantora foi a deixa para que um público começasse a se aglomerar para ver Jonathan. Nas redes sociais, inclusive, é comum encontrar registros de ocasiões em que as pessoas se unam para dançar ao redor do artista.

Publicidade

Onde o Porquinho canta?

Para quem quer encontrar o Porquinho, é certo que ele estará por lá durante os domingos. O artista diz que prefere se apresentar pela via neste dia, mas, nos outros, muda de lugar e vai para outras regiões de São Paulo.

Ele diz que o valor que ganha com as apresentações é “muito relativo”, mas que geralmente costuma receber entre R$ 150 e R$ 200 por dia. Na quarta, quando conversou com a reportagem, entre 18h e 22h ele ganhou R$ 120.

Joow agora quer aproveitar a visibilidade de seu trabalho para realizar dois sonhos: lançar um EP – formato de álbum com menos faixas – e fazer um show em um teatro. O artista, que também é compositor, tem uma faixa disponível no Spotify, Depois do Pôr do Sol, que define como “uma MPB estilo Anavitória”.

Jonathan, porém, nem cogita abandonar o seu trabalho nas ruas. “Agora é só colher os frutos. [...] Tem gente que acha que eu vou parar [de cantar na rua], mas eu vou continuar. Porque essa é a minha profissão: eu sou um artista de rua”, diz.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.