São situações que variam desde as mais banais, como dar conhecimento de que estivemos no lugar que todos os nossos amigos já conhecem, passando por situações picantes, como o ato sexual, e indo ao extremo, como registrar que se esteve na cena de uma morte trágica.
Certa vez vi no asfalto o que era o cérebro de um motoqueiro transformado numa massa pastosa ensanguentada. Pois não é que tinha um sujeito fazendo selfie ao lado dos miolos? Bizarro!
Essa mania de retratar a si mesmo tem um importante representante na história da pintura. É Rembrandt. Na sua origem, o autorretrato é um estudo da própria alma e personalidade. Rembrandt nos legou uma série deles, em diferentes idade da vida.
São obras que figuram entre aquilo que a pintura produziu de mais impactante. Num jogo de luz e sombra, o pintor nos exibe o seu o si-mesmo, que na verdade é uma apreensão pictórica do que seria a juventude, a maturidade e a velhice. Faz-nos assim descer na natureza humana, para nessa descida sentirmos o que o humano tem de abismal.
O que há de impactante nos selfies de hoje em dia? Banalidades. Turísticas na maioria das vezes. Banalidades que apontam para o efêmero da vida. O autorretrato de um smartphone nasce para ser morto pelo seguinte, tirado segundos adiante. Já o selfie de Rembrandt era objeto de estudo e intensa reflexão. Com isso nascia pra viver e conviver com os seguintes, como se pode ver hoje em dia nos museus.
Muitos, claro, não vão resistir, e farão um selfie com o inventor do selfie.