O clima é dos anos 90, com hip hop e dance. O desfile da Maria Garcia, que ocorre às 15h da segunda-feira, deve ser assim. A responsável pelo estilo da marca, Camila Cutolo, tem até um grupo que inspirou a coleção, entre vários outros nomes, que ela mantém em segredo: as meninas do Salt-N-Pepa. Macacões e peças oversize é o que você deve ver já nas vitrines. Com moderação: a ideia é adaptar para 2010 o visual da década retrasada. O excesso de colorido, por exemplo, ficou para trás. O desfile inteiro, segundo Camila, terá só duas estampas ? secretíssimas. Moderação também nas oversizes, uma das apostas para virar febre: nem todas as peças serão grandalhonas. Haverá uma mescla entre as folgadas e as justas. E as tendências? Camila procura não segui-las. Se houver alguma que ela queira usar, procura adaptá-las, "Para que a peça não fique datada. A gente não faz 'fast fashion'", diz a estilista. Se depender das coleções anteriores, muita coisa vai pegar.
A estilista
Camila Cutolo é formada em administração pela PUC-SP. A paixão por moda veio durante uma passagem de um ano e meio pela Europa, quando fez um curso de estamparia na escola de moda Saint Martins, em Londres. De volta ao Brasil, fez pós-graduação no assunto. Trabalhou em uma confecção no Itaim onde fazia de tudo, desde a compra dos tecidos até a supervisão da modelagem. O contato com Clô Orozco veio por intermédio da dona da empresa, amiga da estilista. Clô estava prestes a abrir uma marca jovem, com preços mais baixos. Camila foi a escolhida para participar da criação do estilo.
A grife
Vestido de seda com tênis, bermuda com salto alto, pérolas combinando com imitação de peles. Este é o visual da "princesa punk reeditada" descrita pela Maria Garcia. A marca, que propõe atitude e conforto, surgiu em janeiro de 2001 como grife "filha" da Huis Clos, de Clô Orozco, com peças que são ao mesmo tempo urbanas e campestres. Evita vulgaridades, mas não dispensa humor e rebeldia. O nome da marca é referência ao próprio nome de Clô: Clotilde Maria Orozco de Garcia. A primeira loja foi inaugurada em maio de 2004, na Rua Oscar Freire. Desde 2003, a marca já contava com um espaço, o "Quarto Maria Garcia", na sobreloja da Huis Clos, na Rua Mário Ferraz, 538.
Como foi o Inverno 2009
"Algo entre Oscar Wilde e James Dean", explica a própria Camila Cutolo. Para quem não pegou o espírito da coisa, a estilista se baseou em uma canção do The Smiths e no vocalista da banda, Morissey, para a coleção. A ideia foi o contraste entre o leve e o pesado, às vezes até na mesma peça. Em tons neutros (branco, cinza, gelo e preto), camisetinhas foram combinadas com calças skinny e colares pesados, que lembravam cachecóis, com várias voltas nos pescoços. Estavam presentes também paletós sem lapela, calças um pouco curtas, com um espacinho de pele até a bota, e vestidos, mais ou menos com o formato do corpo, um pouco mais soltos, algo que realmente faz referência às tímidas canções de amor da banda homenageada.
E também o Verão 2010
Tim Walker e Tim Burton foram nomes evocados por Camula Cutolo para o verão da Maria Garcia. A ambientação era um jardim sombrio, cheio de insetos e cogumelos, com grama preta. A referência dos insetos veio em alguns detalhes, como mangas bufantes, pedaços de cetim e paetês que lembravam o esverdeado das asas dos besouros ou até mesmo a saia com a parte de trás mais comprida que a da frente. Tudo bem curtinho. Camadas, franjinhas e tecidos escorregadios deram um aspecto esvoaçante para as peças. Mas se os cortes pareciam sombrios, as cores evocavam sonhos ? aí estaria o ponto de junção entre Burton e Walker. Azul royal e verde eram predominantes, mas até o nude já aparecia, mesclado a tons cítricos. Nos pés? Sapatinhos fechados, especialmente o de estampa de zebra.
