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Um passeio pela cultura sneakerhead no Brasil e no mundo

Nike Cortez de 'Forrest Gump' faz 50 anos

Nike Cortez foi o primeiro tênis de corrida da marca e chegou ao mercado no início das Olimpíadas de Munique, no dia 26 de agosto de 1972

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Foto do author Diego Ortiz
Por Diego Ortiz
Atualização:

Nike Cortez Gump  

O ano é 1994. Milhares de pessoas ao redor do mundo sentadas em frente às telas de cinema são impactadas pela cena do personagem Forrest Gump (Tom Hanks) receber de sua amada Jenny Curran (vivida por Robin Wright) um par novinho de um Nike Cortez na cor White/Varsity Royal/Varsity Red, numa das maiores ações de markting da história cinematrográfica. Aliás, Tom Hanks é ótimo nisso. Lembra do Wilson? Mas voltando ao Cortez, naquele momento, a silhueta deixava de ser apenas mais um modelo das fileiras da Nike para ser tornar um ícone da cultura pop, que completa agora 50 anos.

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O Nike Cortez foi o primeiro tênis de corrida da Nike em 1972. Criação do co-fundador da Nike, Bill Bowerman, ele ganha agora, em seus festejos cinquentenários, uma edição especial feita em collab com a Sacai, marca de luxo japonesa fundada por Chitose Abe em 1999. As vendas começam dia 31 no País por R$ 1.299,99, com pouquíssimos pares disponíveis no site da empresa. Do meu número, 41, por exemplo, só vieram três pares. Comprar um é quase como ganhar na loteria.

Nike Cortez x Sacai  

Aliás, ainda puxando o orientalidade da Sacai, a fundação da Nike tem muito de Ásia. Quando nasceu em 25 de janeiro de 1964 como Blue Ribbon Sports, a marca do swoosh era basicamente uma empresa importadora de tênis de corrida japoneses para os EUA, em especial os Tiger. Portanto, faz muito sentido que a collab que comemora as cinco décadas de seu primeiro tênis de corrida seja com uma marca japonesa.

Voltando à origem do Cortez, seu nome primordial no início do desenvolvimento em 1968 era Mexico, em alusão às Olimpíadas que aconteciam naquele momento. Mas como já havia o Onitsuka Tiger Mexico 66, isso logo foi descartado. A segunda denominação em vista foi Aztec, que chegou a correr em processo de registro. Mas a Adidas já tinha o Azteca Gold e uma ameaça de uma ida ao tribunal fez a Nike mudar de ideia.

Nike Cortez 1972  

A flagrante falta de criatividade com o nome do tênis foi resolvida com uma homenagem também não muito boa, ao sanguinário conquistador Hernán Cortés, que aniquilou o Império Asteca usando a fé. Ele conseguiu induzir Montezuma, o imperador asteca, de que ele era a reencarnação de Quetzalcoátl, o deus serpente que criou a humanidade. Após ajoelhar aos pés de Cortés, Montezuma foi aprisionado e morto. E os astecas, que tinham, provavelmente, a astronomia, metalurgia, arquitetura e matemática mais avançados daqueles tempos, sumiram do mapa.

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Mas como os americanos não são lá muito conhecidos por sua proficiência na história mundial, o nome que homenageava um matador de mexicanos querendo louvar o México logo caiu nas graças do mercado. E o que determinou isso, mas que sua nomenclatura, era sua qualidade. Fruto de anos de upgrade de produtos de outras marcas feitos por Bowerman, o Cortez era realmente superior. O segredo estava na entressola mais dura no meio das duas espumas mais macias, o que criava mais absorção de impacto e mais estabilidade na corrida.

Tiger Corsair 1969  

A ponto de quase toda a delegação estadunidense usar o tênis nas Olimpíadas de 1972 em Munique, na Alemanha. Tamanha vitrine fez os Cortez explodirem em vendas, com mais de 800 mil dólares em negociações no primeiro ano, deixando o Tiger com apenas 8 mil dólares em vendas, criando praticamente um monopólio. Apesar de copiar o desenho e as cores do Tiger Corsair de 1969, o modelo japonês usava a entressola apenas como estilo, as três partes eram do mesmo material, sem o diferencial do Cortez.

Nike Cortez Compton  

Outra curiosidade é que o Cortez foi adotado pelas gangues latinas de Los Angeles, se tornando um símbolo "gangsta" californiano, principalmente nas cores preta e branca (que recebeu até uma versão da Compton). Essa imagem se expandiu às origens da cena Low Rider dos Estados Unidos e no Brasil também. Seu desenho raiz, com poucas alterações desde o lançamento, e sua durabilidade também alçaram o sneaker ao status de beater dos beaters, que perdura até hoje e deve seguir por mais 50 anos.

Vem com box

Nike Cortez Metallic Gold  

Uma das versões mais legais do Cortez para mim é uma feminina para os 45 anos do tênis. Chamada de Metallic Gold, ela tem toda a parte do cabedal dourada metálica, contrastando com um um forro interno acetinado, lace encerado e entressola pretos. Já a sola é translúcida com detalhes dourados. Impossível ver e não se apaixonar por esta versão.

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Só no lace

Asics Kayanno 14 x JJJJound  

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A Asics lança nesta sexta (26) no Brasil um Gel-Kayano 14 em collab com o estúdio canadense JJJJound por R$ 999,99. É a primeira vez que a japonesa faz uma parceria com o estúdio, conhecido por revisitar patentes e designs das marcas para fazer criações retrô originais, porém bastante identificáveis.

Este novo Gel-Kayano 14 é um bom exemplo disso. Criado para as corridas de rua, com um tipo de solado todo terreno, o modelo ganha na versão da JJJJound materiais sintéticos e metalizados com mais evidência, para dar mais glamour e tirar um pouco da imagem de tênis de corrida que ele tem.

"Quando comecei a pensar em opções da Asics para esta collab, fui atraído pelo Gel-Kayano 14, que tem uma silhueta clássica e atemporal. O design da sola no calcanhar e o cabedal com as sobreposições prateadas me fazem lembrar das caminhadas noturnas que aconteciam nos anos 2000, em um momento em que a internet estava prestes a explodir", afirma Justin Saunders, fundador do estúdio JJJJound. O modelo está disponível nas lojas Guadalupe e Your ID.

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