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Um passeio pela cultura sneakerhead no Brasil e no mundo

Review: Air Jordan 1 Chicago Lost and Found é uma verdadeira cápsula do tempo

Air Jordan 1 Chicago Lost and Found traz de volta a mística do modelo original lançado pela Nike em 1985 e tem muitos elementos estéticos que simulam o desgaste dos anos

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Foto do author Diego Ortiz
Por Diego Ortiz
Atualização:
Air Jordan 1 Chicago Lost and Found. Foto: Diego Ortiz

A NBA foi criada em 1947 e teve o Philadelphia Warriors como primeiro campeão. O Lakão da Massa, nesta época, ainda se chamava Minneapolis Lakers, e o Chicago Bulls só ganharia vida 19 anos depois. Isso sem falar da Nike, criada apenas em 1972. Mas porque então, em meio a times e marcas mais antigas, algumas centenárias, o Air Jordan 1 Chicago é o tênis mais importante de todos os tempos? A resposta está justamente em seu sobrenome, o mesmo de um certo Michael, comumente lembrado como o maior jogador de basquete de todos os tempos.

A revolução do mercado dos sneakers começou quando o novato Michael Jordan, draftado pelos Bulls em 1984, assina um contrato inovador para época, que envolvia ações da empresa e algo ainda maior, a criação de um modelo exclusivo com o nome do jogador, com logo e uma brand separadas da Nike. Coube a Peter Moore, diretor de criação da marca, elaborar o desenho do Air Jordan 1 e o logo da Jordan Brand, um precursor da clássica bola de basquete com asas. O resto é história.

 Foto: Estadão

História essa que o Air Jordan 1 Chicago Lost and Found replica com primazia. O conceito de criação do modelo é como se alguém tivesse pego um AJ1 Chicago em agosto de 1986 e o tivesse perdido e achado agora em 2022. Por isso o "achado e perdido" do nome. E mais a nota de compra simulando a data de 30 de agosto de 1986 e os elementos estéticos que imitam o desgaste do tempo.

 Foto: Estadão

A começar pelo colar do tênis em couro preto craquelado, um dos itens mais controversos do tênis. Teve gente que amou, gente que não gostou, e gente que ainda está sem opinião definida, como eu. Do ponto de vista estético eu curti muito, mas tenho medo de como ficará esse couro daqui a cinco anos. O mesmo craquelado está presente no toe box do tênis e nas laterais, no couro branco. Por ser branco ele não chama tanta atenção, mas a preocupação é a mesma, ainda mais para um item de coleção em nível Grail (o mais importante da coleção, pouco usado, geralmente).

 Foto: Estadão

O couro vermelho da frente, calcanhar e laterais é liso e de ótima qualidade. Mas não é tão brilhoso para não parecer  tinindo. Já a língua tem um tecido amarelado para também simular uma ação do tempo. O mesmo objetivo é aplicado no embranquecimento da sola vermelha, que parece ter sido tirada de uma cápsula do tempo.

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 Foto: Estadão

A caixa, por sua vez, também tem impressão como se fosse surrada pelo tica tac de Chronos, e a seda que envolve o tênis por dentro parece um jornal antigo. Como o Air Jordan 1 nem de longe é o tênis mais tecnológico da Nike, embora seja o mais emblemático, a construção e conforto são praticamente os mesmos de 1986. É um tênis lindo, histórico, que vai ter fila de compras quando for lançado no Brasil por R$ 1.700 (provavelmente no dia 30 de dezembro) e que serve para passeios curtos e hypados. Para as quadras não mais...

 Foto: Estadão

Tênis cedido pela Black Apparel

Vem com box

Air Jordan 1 Low Chicago  Foto: Estadão

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Há muitas variações do AJ1 no mercado, como o Low, criado também para o jogo de Jordan na quadra ainda em 1985. Desenhado igualmente por Peter Moore (que morreu neste ano), ele tinha o desenho inspirado no Nike Dunk e cores que espelhavam o High.

Como o preço dos AJ1 era alto para a época, como é ainda hoje, a Nike resolveu lançar uma versão de baixo custo batizada de KO, que trazia cabedal de lona no lugar do couro e uma sola em formato diferente, muito igual a do Nike Vandal. O KO é cercado de muito mistério até hoje, tanto que ninguém consegue cravar o que significa a sigla KO do nome e tampouco achar boas referências dele nos arquivos na Nike.

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Reza a lenda que Jordan tinha achado os AJ1 e AJ2 muito altos e por isso pediu que o AJ3 fosse um cano médio. Mesmo com essa informação, o AJ1 Mid continua a não ser aceito pelos sneakerheads mais puristas pelo fato de ser uma criação da marca japonesa Co.JP que foi lançada apenas em 2001. E adotada pela Nike sem a mística de ter ido aos pés de Michael Jordan em quadra. Mas o que é pior, raiva ou desprezo?

Para ser o fiel da balança, a Nike lançou o Air Jordan 1 Zoom CMFT em 2020 como uma visão moderna do clássico, trazendo uma construção em camadas, com espuma no topo do tênis e amortecimento Zoom. Apesar de ser o AJ1 mais confortável de todos, ele é um modelo totalmente ignorado pela base de fãs de sneakers ao redor do mundo.

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