Em série, Matthew Broderick vive o comerciante de drogas legais mais bem sucedido dos EUA

‘Painkiller’, da Netflix, mostra o ator de 61 anos brilhando como Richard Sackler, o criador de uma das medicações mais viciantes de seu país

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Por Redação
Atualização:

Matthew Broderick tem uma daquelas faces afetivas com a qual o cinema nos presenteia e que o tempo não deixa envelhecer. Agora, aos 61 anos, ele surge como o arquiteto da crise de opioides nos EUA, em um novo drama sombrio da Netflix. Chamada Painkiller, a série conta com seis partes e Broderick interpreta Richard Sackler, o ex-presidente da empresa Purdue Pharma que criou o OxyContin, uma medicação baseada em morfina. Ele conseguiu sua aprovação pela Food and Drug Administration dos EUA e se tornou o comerciante de drogas legais mais bem-sucedido dos Estados Unidos.

Matthew Broderick em 'Painkiller' Foto: Netflix

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Há um instante em que o personagem de Broderick diz o seguinte: “Toda a vida humana é uma combinação de duas coisas: fugindo da dor e correndo em direção ao prazer.” Segundo alguns especialistas, o OxyContin conseguia ligar os dois impulsos e, por isso, acabou sendo procurada em larga escala, se tornando a droga legal mais consumida nos EUA.

A trama de Painkiller se passa na pequena cidade de Appalachia. As situações acontecem ao redor de um mecânico bem intencionado que começa a se viciar; os representantes de vendas da droga que têm como alvo os médicos de família; e todo o emaranhado criado nos bastidores do governo federal e das grandes empresas farmacêuticas.

Os números reais, extra série, são impressionantes. Eles mostram que, nos últimos 20 anos, 300 mil norte-americanos morreram de overdose de analgésicos prescritos. Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, Broderick falou sobre o impacto da série. “Acho que não conheço ninguém que tenha usado OxyContin. Ou quem esmagou pílulas e as cheirou. A menos que eles não tenham me contado. Mas é uma história extensa e complicada, e todos nós temos alguma experiência. Minha mãe tinha muita dor de câncer. Ela tomou esses tipos de drogas por anos – não OxyContin, mas era um opioide – e eles a ajudaram. Então é difícil, porque eu vejo a necessidade de analgésicos.” Ele pondera sobre isso. “Acho que a intenção original de desenvolver a droga não é inerentemente má. É só quando você consegue que as pessoas escondam a evidência de quão viciante é que se torna uma história horrível.”

Na mesma entrevista, Broderick levanta uma questão. Quem seriam os culpados pelo uso indiscriminado da droga? “É o homem que desenvolveu o OxyContin? Ou são os médicos que o prescreveram? Ou as farmácias que o venderam? Existem muitos vilões. É muito simples colocar a culpa de tudo em uma pessoa.”

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