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Gilberto Amendola: O jogo que não aconteceu

Ainda estou remoendo a frustração de ter sido privado de um Brasil x Argentina na semifinal

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Por Gilberto Amendola

Eu não tenho dúvida de que a final da Copa será emocionante. Mas ainda estou remoendo a frustração de ter sido privado de um Brasil x Argentina na semifinal. Por conta de uma desatenção besta da nossa seleção, eu não vivi um dia de taquicardia, de amigos enlouquecidos no bar, de churrasquinho de procedência duvidosa e do Galvão Bueno chamando o Olodum. Absolutamente imperdoável.

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Perdi aquelas reportagens sobre a amizade entre Messi e Neymar. Ou sobre como Casemiro teria a missão de marcar o craque argentino. Deixei de assistir uma entrada ao vivo direto do Moocaires (bar com espírito argentino no bairro da Mooca). Queria ver também aquela matéria caprichada sobre os indianos que são fanáticos pelas duas seleções sul-americanas.

E os memes antes dos jogos? Existe toda uma produção que ficou represada - simplesmente porque a seleção decidiu subir com sete no ataque lá no final do segundo tempo da prorrogação. Será que a gente vai conseguir reaproveitar esses memes um dia?

Messi foi decisivo na vitória da Argentina sobre a Croácia na semifinal. Foto: Martin Meissner/ AP

Queria, ah, como queria, votar em enquetes tipo alfajor ou tapioca doce; tango ou samba; Fito Páez ou Guilherme Arantes; Él Mató a un Policía Motorizado ou Los Hermanos; “Vai Passar” (Chico Buarque) ou “Los Dinosaurios” (Charly García); economia quebrada ou economia quebrada.

Imaginem como seria: o juiz apitando o início da partida; a primeira falta do Otamendi no Vini Jr., o drible do Raphinha em cima do Molina; o cartão amarelo para o De Paul e o gol do Messi no fim do segundo tempo. Sim, amigos, o gol do Messi.

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De quanto drama bom a gente foi poupado? Aquela desatenção contra a Croácia nos roubou um épico, uma história para contar aos nossos netos. “Eu vivi! Eu vivi”, iríamos repetir ao longo da nossa existência.

Tudo isso porque o segundo tempo seria o maior segundo tempo da história das Copas - com o professor Tite mexendo taticamente no time (tá bom, aqui dei uma viajada) e encurralando a seleção adversária em seu próprio campo. O goleiro Emiliano Martínez faria defesas milagrosas (eu quebraria um vaso depois de uma delas). O empate brasileiro só aconteceria aos 43 minutos do segundo tempo - em um bate-rebate na área que sobraria nos pés do nosso pombo vingador.

Com dois países em chamas, chegaríamos na prorrogação. Bolas na trave (dos dois lados) e, finalmente, cobrança de pênaltis. Estou batendo no teclado só de imaginar...

Nos pênaltis, os dois times converteriam todas as cobranças. E a decisão partiria para os pênaltis alternados. Até que, finalmente, sim, finalmente, um dos heróis terminaria isolando a bola para fora do estádio. Deus do céu...

Quem perdeu a cobrança: Messi ou Neymar? Não importa. O tanto de emoção produzida por uma partida dessas já seria suficientemente incrível para alimentar as nossas vidas por décadas. Ganhar ou perder seria um mero detalhe (hey, psiu, vou falar baixinho, quem perdeu o pênalti foi o Messi...).

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Essa coluna foi enviada na íntegra primeiramente aos leitores inscritos na newsletter “Craques da Copa”. Cadastre-se gratuitamente aqui e receba em primeira mão. “Craques da Copa” são enviados diariamente, às 19 horas. Nesta sexta-feira, quem escreve para a coluna é Benjamin Back.

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