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Crise de Eike Batista liga alerta no Comitê Olímpico Internacional

Integrantes estão alarmados com quebra de um dos principais financiadores da Olimpíada

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Por Jamil Chade
Atualização:

GENEBRA - Integrantes do Comitê Olímpico Internacional estão alarmados com as notícias da quebra das empresas de Eike Batista, um dos principais financiadores de projetos e mesmo da candidatura do Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos de 2016. Em seu último informe interno sobre a preparação da cidade para o evento, o COI soou o alerta diante do que poderia ser um grave déficit nas contas da Olimpíada. Agora, com a falência de parte do império montado pelo empresário, os temores são de que o governo terá de incrementar os gastos públicos para fazer frente aos problemas de caixa e preencher o orçamento que teria de ser atendido pelo setor privado, principalmente por eventuais recursos vindos de Eike. O empresário foi uma das peças fundamentais na campanha do Rio para sediar os Jogos. Em 2009, ele colocou à disposição seu avião privado para que o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes voassem até Copenhague, onde ocorreu a votação para definir a sede. Entre integrantes do COI ouvidos pelo Estado na Suíça, a constatação é de que parte do financiamento para algumas das iniciativas em 2016 também viriam de fundos de Eike. "Agora, não sabemos se as notícias que estamos lendo terão um impacto nas obras no Rio", declarou um dos cartolas, que pediu para não ser identificado. A assessoria de imprensa do COI optou por afastar qualquer tom de preocupação. "Não esperamos que o pedido de proteção à falência solicitada pela empresa de petróleo do Sr. Batista tenha um impacto nos projetos da Rio2016", disse a entidade em um e-mail à reportagem. A tradição do COI é de não comentar os bastidores e detalhes da preparação de diferentes cidades. Desde que o Estado publicou documentos secretos mostrando que a crise era mais grave do que o tom usado pela entidade, o COI decidiu estabelecer controles mais rígidos sobre seus documentos. Mas, num de seus relatórios de agosto, a entidade deixava claro que a situação financeira dos Jogos era preocupante e que o déficit poderia comprometer o evento. Com os problemas financeiros enfrentados por Eike, o que o COI quer saber do Rio é o impacto que isso terá para as demais obras e iniciativas. A cidade não conseguiu ainda completar a meta de patrocinadores para o evento e o COI recomenda até mesmo que o Rio comece a preparar um plano, caso o orçamento previsto para as obras não consiga ser financiado. Do total que o Rio esperava obter em patrocínios, apenas 60% haviam sido captados. "O Rio deve estudar seu plano de atividades para a geração total de renda (patrocínio, licenciamento e ingressos) diante do orçamento geral dos Jogos para entender o impacto do déficit na entrega dos Jogos e de suas operações", alertou o COI. Segundo o COI, o contrato de financiamento da Vila Olímpica está atrasado, assim como o programa de seguros para o evento diante da escolha tardia de uma empresa para realizar o trabalho. Nas instalações esportivas, haveria um atraso na contratação de especialistas para planejar os aspectos de energia "por conta de pressões financeiras". Outro impacto tem sido na organização dos Jogos Paralímpicos. Existiria uma "falta de planejamento de marketing" e isso "poderia ter sérias consequências para a própria realização do evento."