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Austrália x Inglaterra tem embate entre técnicos que buscam marca inédita na Copa do Mundo feminina

Considerados vencedores no futebol feminino, o sueco Tony Gustavsson e a holandesa Sarina Wiegman disputam qual deles será o primeiro a chegar à uma final por dois países diferentes

Por Fernando Valeika de Barros
Atualização:

SYDNEY - O italiano Vittorio Pozzo, treinador bicampeão mundial com a seleção de futebol masculino da Itália, em 1934 e 1938, foi o primeiro técnico a vencer duas Copas à frente de uma seleção. O brasileiro Zagallo, o alemão Franz Beckenbauer e o francês Didier Deschamps levantaram a Copa do Mundo como jogadores e, depois, como técnicos. Nesta quarta-feira, às 7h, quando Austrália e Inglaterra se enfrentam em Sydney, o sueco Tony Gustavsson, 50 anos, e a holandesa Sarina Wiegman, 54, disputam qual deles terá o privilégio de ser o primeiro treinador da história a chegar à uma final de Mundial por dois países diferentes.

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Curiosamente, eles já se encontraram há quatro anos, na final da Copa do Mundo de Futebol Feminino na França. Assistente da técnica da seleção dos Estados Unidos, que foi bicampeã mundial, vencendo a Holanda por 2 a 0, Gustavsson levou a melhor sobre Sarina e subiu ao pódio para receber uma segunda medalha de ouro, pela conquista. O sueco também era o assistente da americana Jill Ellis quando os Estados Unidos venceram a Copa do Mundo Feminina em 2015.

“Tony é um técnico apaixonado, tático e obstinado”, disse Jill em uma entrevista ao canal de TV americano ESPN com um sorriso. “Ele ama, come, dorme e respira o futebol.” Ela descobriu os talentos do sueco, professor e ex-jogador de futebol do modesto IFK Sundsvall, da Suécia, que depois fez carreira no Leeds, da Inglaterra, para armar bons times, motivando jogadores mesmo em situações complicadas.

Sarina Wiegman, como treinadora da Holanda, esteve na final da Copa do Mundo em 2019 Foto: Rick Rycroft / AP

Demonstrou essa habilidade logo no início de sua carreira, em 2010, quando treinava o Kongsvinger, da Noruega: lutando para escapar do rebaixamento, ainda por cima, o clube foi à falência. Mesmo com os salários dos jogadores em atraso, ele os convenceu a continuarem jogando, até o final da temporada. E o Konigsvinger escapou.

Dois anos depois, lá estava ele treinando o recém promovido Tyreso, da Suécia, que montou um time dos sonhos (um dos destaques era a brasileira Marta). O clube ganharia título sueco de 2012 e foi vice-campeão final da Liga dos Campeões Feminina da UEFA, em 2014.

A holandesa Sarina Wiegman tem um perfil igualmente vencedor. Ex-jogadora da Universidade da Carolina do Norte e do Carolina Tar Heels, da Liga Profissional dos Estados Unidos, ela voltou para a Holanda e tornou-se um dos destaques da seleção de seu país durante treze anos, a partir de 1987.

Líder como jogadora, foi ser técnica do modesto Ter Leede (que levou à conquista de um título nacional) depois do melhor estruturado Den Haag, até ser chamada para fazer parte da comissão técnica da seleção holandesa. Depois de ser assistente e técnica interina, acabou sendo efetivada.

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Tony Gustavsson também esteve na final da última Copa do Mundo, como auxiliar dos Estados Unidos Foto: Franck Fife / AFP

Foi com ela no comando técnico que a Holanda viveu a sua melhor época no futebol feminino. Foi campeã europeia em 2017 e vice na Copa do Mundo de 2019. Convidada pela FA, a federação inglesa de futebol, para assumir o cargo de técnica da seleção feminina, no lugar do antecessor Phil Neville, Sarina já ganhou dois títulos, desde então: o campeonato europeu, em 2022, ganhando da Alemanha, por 2 a 1. E a Finalíssima, derrotando o Brasil, vencedor da Copa América, nos pênaltis.

O certo é que a batalha das estratégias para ver qual entre os dois estilos levará a melhor é incerta. A Inglaterra tem um jogo baseado em posse de bola. Já a Austrália prefere os contra-ataques. Na última vez que se cruzaram, em um amistoso entre Austrália e Inglaterra, Gustavsson levou a melhor.

“Será um jogo tático interessante nesse sentido, porque a Inglaterra vai se manter fiel ao seu jogo de posse de bola ou vai tirar nosso jogo de transição jogando um estilo de futebol diferente do que normalmente faz?” disse ele. “Seja como for, estaremos preparados”. A batalha entre Sarina e Gustavsson já começou.