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Capone: ignorado pela Fiel Torcida

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Por Agencia Estado
Atualização:

O zagueiro Capone chegou ao Corinthians como um jogador qualquer. A tradicional sirene - acionada nas grandes contratações do clube - não tocou quando ele pisou no Parque São Jorge há 15 dias. Ignorado pela Fiel Torcida, mas idolatrado pelos torcedores do Galatasaray, time turco em que atuou durante quatro anos. Para os fanáticos turcos, Capone era um exemplo, dentro e fora de campo. Melhor, lá ele era "um grande homem". O jogador fez por merecer o respeito que os fanáticos do Galatasaray têm por ele. "A situação financeira da maioria dos turcos é muito ruim. Os torcedores vendem flores nas ruas para arrumar dinheiro para assistir aos jogos. Eu procureu ajudar o quanto pude. Lá, como aqui, existem muitos meninos abandonados nas ruas pedindo comida. Eu os levava aos restaurantes, mandava dar comida para eles. Em retribuição, quando eles me viam me chamavam de Capone-AB, que em turco significa "Um grande homem". O carinho que tinham por mim era demais. Até exageravam. Queriam beijar a minha mão. Eu não deixava. Não sou o Papa para ter a minha mão beijada", conta, emocionado. O assunto comove Capone. Ele continua falando, empolgado. "É muito triste o que acontece na Turquia. A economia do país é muito precária. Para piorar, o país sofre com os terremotos. O salário médio dos turcos não chega a US$ 150, em torno de R$ 400,00. Um quilo de arroz lá custa mais de US$ 5", afirma. Mas o Brasil que Capone encontrou não é muito diferente da Turquia. "Depois do que vi na Turquia, pensei que iria encontrar uma situação melhor aqui. Mas não é bem assim. A insegurança aqui está muito grande. Quando a gente sai para trabalhar não sabe se volta", constata. A violência brasileira fez Capone passar por um grande sufoco em maio, quando estava com a família em sua chácara, em Mogi-Mirim. "Três assaltantes entraram na chácara, levaram tudo o que puderam, carro, filmadora e dinheiro e ameaçaram levar a minha mulher. Ainda bem que consegui ficar calmo e conversar com eles. Vi que eles estavam dispostos a tudo." O futebol brasileiro também já deu algumas decepções a Capone. Campeão da Copa do Brasil pelo Juventude, em 99, o zagueiro está até hoje sem receber o prêmio pelo título e a medalha de campeão. "Fiquei sabendo que a minha medalha foi dada para um diretor." No Galatasaray, Capone fez história. Foi duas vezes campeão turco, ganhou uma Copa da Turquia e colocou seu time na vitrine européia, ao conquistar a Supercopa da Europa, contra o Real Madri, e a Copa da Uefa, diante do Arsenal. A volta ao Brasil foi antecipada por causa dos filhos Iago, de oito anos, e Ianca, de seis. "Eles estão com os estudos defasados." Os quatro anos na Turquia não foram suficientes para Capone entender e falar turco. "Aprendi pouco da língua. A maior parte do tempo eu ficava com brasileiros. Quando o Taffarel, o Jardel e o Márcio Mixirica jogavam lá eu só ficava com eles."

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