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Eduardo Bauermann, do Santos, é um dos investigados em operação do MP sobre manipulação de jogos

Zagueiro confirma que foi aliciado para levar cartão vermelho em partida contra o Botafogo, pelo Brasileirão de 2022, mas nega ter feito parte do esquema

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Por Redação
Atualização:

O Santos confirmou que o zagueiro Eduardo Bauermann é um dos investigados pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) na segunda fase da Operação Penalidade Máxima, que investiga um esquema de manipulação de resultados em jogos de futebol envolvendo apostas esportivas. Partidas da Série A do Campeonato Brasileiro de 2022 e dos Estaduais deste ano estão na mira das autoridades.

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Os promotores não divulgaram os nomes dos nove atletas investigados, mas agora sabe-se que Bauermann é um deles. O defensor do Santos e outros oito atleta foram alvos de uma operação de busca e apreensão nesta quarta-feira.

O MP informou que um atleta do Santos havia sido aliciado para levar um cartão vermelho na derrota por 3 a 0 para o Botafogo, no Engenhão, em 10 de novembro do ano passado, pela 37ª rodada do Brasileirão de 2022. O Santos confirmou que Bauermann é esse jogador. Naquela partida, ele foi expulso depois do apito final.

Na súmula da partida, o árbitro Braulio da Silva Machado, disse que expulsou o zagueiro do Santos porque foi xingado. “Expulsei de forma direta o jogador nº 04 Eduardo Gabriel dos Santos Bauermann por se dirigir aos membros da equipe de arbitragem proferindo as seguintes palavras de maneira hostil repetidamente: ‘vocês tão de palhaçada, és um sacana, vocês estão sempre ferrando a gente, a arbitragem sempre prejudica o santos’”, escreveu o juiz.

De acordo com o clube, o zagueiro revelou a tentativa de aliciamento em conversa com o presidente Andres Rueda, o técnico Odair Hellmann e o coordenador de esportes, Paulo Roberto Falcão. O Santos afirmou que o jogador “negou prontamente a proposta e já se colocou à disposição da Justiça”.

Bauermann prestará depoimento nos próximos dias. Ele foi alvo de busca e apreensão e entregou seu celular nesta quarta. O Santos diz que “segue confiando em seus atletas e já colocou seu departamento jurídico para auxiliar” o zagueiro, que treinou normalmente com o elenco nesta quarta-feira no CT Rei Pelé e está relacionado para o jogo desta quinta-feira, diante do Audax Italiano, pela segunda rodada da fase de grupos da Sul-Americana.

O defensor tem 27 anos e começou a carreira no Internacional. Tem passagens por Náutico, Atlético-GO, Paraná, Figueirense e América-MG antes de chegar ao Santos no ano passado. Na atual temporada, atuou em 15 jogos e marcou dois gols.

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Operação Penalidade Máxima investiga, além da Série B, manipulações de resultados na Série A do Campeonato Brasileiro Foto: Divulgação/MP-GO

Além de Bauermann, entre os atletas investigados, segundo o MP, dois são de Santa Catarina, dois de Pernambuco, três do Rio Grande do Sul e um de Goiás. O zagueiro Victor Ramos (Chapecoense), o lateral Igor Cariús, (Sport), o meia Gabriel Tota (ex-Juventude e atualmente no Ypiranga) e o zagueiro Kevin Lomónaco (Red Bull Bragantino) são outros alvos da operação.

Operação Penalidade Máxima

Na terça-feira, o MP, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Coordenadoria de Segurança Institucional e Inteligência (CSI), deflagraram a segunda fase da Operação Penalidade Máxima — a primeira etapa foi realizada em fevereiro. Três mandados de prisão, 16 de preventiva e 20 de busca e apreensão foram cumpridos em 16 municípios de 20 Estados brasileiros diferentes, incluindo São Paulo e Rio. As investigações já denunciaram 14 pessoas à Justiça.

De acordo com o promotor responsável pela investigação, Fernando Cesconetto, os jogadores da Série A que participavam do esquema recebiam até R$ 60 mil após o fim de sua atuação no ‘jogo marcado’, quantia que saltava para R$ 100 mil nos Estaduais deste ano. Cesconetto afirmou ainda que, mesmo que ocorra apenas a promessa de pagamento, os envolvidos cometeram crime, assim como quando se dá o pagamento efetivo em troca da manipulação de resultado.

As pessoas denunciadas podem responder por crimes de participação em organização criminosa, lavagem de dinheiro e de corrupção em práticas esportivas previstas no Estatuto do Torcedor. Durante o cumprimento de mandado de busca e apreensão em dois endereços em São Paulo, os investigadores encontraram armas, munições e granadas de efeito moral de uso restrito das forças de segurança. Os jogadores também podem perder seu registro nas entidades esportivas, de modo a não poder mais realizar a profissão.

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Ao todo, desta vez, seis partidas do Brasileirão 2022 foram alvo do esquema de apostas realizado pelo grupo criminoso. A manipulação se dava por meio de ações dos jogadores dentro de campo, ou seja, diretamente ligados com as ações esportivas.

Quais jogos foram investigados?

  • Palmeiras 2 x 1 Juventude – 10 de setembro
  • Santos 1 x 1 Avaí – 5 de novembro
  • Red Bull Bragantino 1 x 1 Atlético-MG – 5 de novembro
  • Goiás 1 x 0 Juventude – 5 de novembro
  • Cuiabá 1 x 1 Palmeiras – 6 de novembro
  • Botafogo 3 x 0 Santos – 10 de novembro

Outras cinco partidas de diferentes Campeonatos Estaduais deste ano também estão sob análise. Um jogador do Goiânia deveria garantir a derrota parcial do seu time até o fim do primeiro tempo na partida contra o Goiás; nos jogos do Caxias do Sul diante do São Luís, Bento Gonçalves e Novo Hamburgo, o valor era pago para determinado atleta cometer pênaltis. Os jogos investigados são os seguintes:

  • Goiás 2x0 Goiânia - 12 de fevereiro
  • Caxias do Sul 3 x 0 São Luiz – 12 de fevereiro
  • Bento Gonçalves 0 x 0 Novo Hamburgo – 11 de fevereiro
  • Luverdense 3 x 0 Operário de Várzea Grande – 11 de fevereiro
  • Guarani 2 x 1 Portuguesa – 8 de fevereiro
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