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Estrutura, renovação e idioma: os desafios da nova treinadora da seleção feminina

Aos 59 anos, sueca Pia Sundhage quebra tabu e será a primeira estrangeira a comandar o Brasil

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Por Ciro Campos
Atualização:

A sueca Pia Sundhage, de 59 anos, inicia nesta terça-feira uma nova era no futebol brasileiro. A nova treinadora da seleção feminina assinou com a CBF um contrato de dois anos com a missão de desenvolver a equipe e melhorar a estrutura de uma modalidade historicamente prejudicada no País pela falta de recursos. Pela primeira vez na história uma seleção do Brasil terá no comando um profissional estrangeiro.

Pia chega ao futebol brasileiro respaldada pela longa experiência no futebol feminino. Como atacante, meia ou zagueira, a sueca disputou duas Copas. Em outros dois Mundiais, participou como treinadora ou da Suécia ou dos Estados Unidos. Além disso, Pia esteve nas últimas três finais olímpicas do futebol feminino, com duas medalhas de ouro e uma de prata.

Pia Sundhage chega à CBF com longa experiência no futebol feminino Foto: David Moir/Reuters

A competição mais importante de Pia será já no próximo ano, quando vai viajar com a equipe para o Japão, com o objetivo de levar a equipe à conquista da inédita medalha de ouro para o futebol feminino. O Estado faz uma análise da situação do futebol feminino no Brasil e aponta os principais desafios para a nova treinadora.

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Renovação

Um time talentoso, mas já com idade avançada. A seleção brasileira feminina de futebol disputou o último Mundial, na França, com uma média de idade de 28 anos. A volante Formiga tem 41 anos, enquanto Cristiane tem 34 e Marta, 33. A própria camisa 10 desabafou sobre o assunto logo depois da derrota na Copa, ao cobrar mais ajuda e convocar a vinda de novos talentos. "Não vai ter uma Marta para sempre, uma Cristiane, uma Formiga. O futebol feminino depende de vocês para sobreviver", disse.

Clubes

Se o último Mundial cativou várias garotas a tentarem iniciar a carreira profissional, organizar a estrutura de competições inferiores para os times ainda é uma dificuldade. Os torneios voltados à formação de atletas são mais uma iniciativa dos clubes do que de federações. A primeira edição do Brasileiro feminino sub-18 começou no início deste mês. Há também uma grande lacuna no calendário.

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Pia Sundhage disputou as três últimas finais olímpicas do futebol feminino Foto: Ralph Orlowski/Reuters

Seleções de base

Nos últimos anos, a seleção brasileira montou o elenco para competições de base não pela observação de jogadores nos clubes, mas sim com seletivas. Pia terá como um dos trabalhos justamente organizar esse processo, além de realizar a ligação das atividades na base com a seleção principal. A sueca ajudará também a definir quem vai comandar as seleções sub-17 e sub-20.

Bastidores

Para comandar uma reforma no futebol brasileiro feminino, a sueca vai precisar do respaldo de dirigentes da CBF. Com um trabalho de profundidade inédita, Pia pode ter dificuldades com obstáculos burocráticos, assim como a a própria falta de experiência da entidade em atuar de forma mais ampla com a modalidade. Pelo menos a vinda dela foi uma escolha do presidente da CBF, Rogério Caboclo.

Idioma

Sueca e com inglês fluente, Pia também terá de desenvolver a habilidade de se comunicar em português para conseguir se aproximar de atletas. Pelo menos no cotidiano a treinadora tem a fama de se relacionar muito bem com as jogadores, especialmente por costumar cantar músicas na concentração e tentar distrair o grupo.

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