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Gabriel Menino é puxado à realidade por Abel Ferreira, tem fase goleadora e nova função no Palmeiras

Após período de deslumbre no futebol, meio-campista aprende com bronca do técnico português, monta uma equipe de suporte e trabalha para retornar à seleção brasileira

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Foto do author Ricardo Magatti
Por Ricardo Magatti
Atualização:

Em menos de quatro anos no Palmeiras, Gabriel Menino já foi segundo volante, lateral-direito, ponta e, mais recentemente, recuou para ser, provisoriamente, o primeiro volante da equipe, aquele cara que ajuda na marcação, mas também que sai para jogar. Aos 22 anos, o jovem meio-campista se adapta às necessidades da equipe de Abel Ferreira enquanto acumula títulos e gols.

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Natural de Morungaba, interior paulista, o atleta foi favorecido pelo saída de Danilo para o Nottingham Forest, da Inglaterra. Menino convenceu Abel de que seria importante para o time e assumiu a titularidade no início da temporada. Ele provou que estava certo, tanto que vive a sua temporada mais goleadora. São oito gols e duas assistências em 38 jogos. Além disso, é ele o jogador do elenco que mais atuou de forma consecutiva no ano, com 33 partidas sem descanso.

Embora tenha feito bons jogos em temporadas anteriores, Gabriel Menino considera ser sua atual versão a melhor até agora. “Eu me vejo muito bem hoje. Já tive outros bons momentos no Palmeiras, mas com o tempo a gente amadurece e isso também ajuda”, diz o meio-campista ao Estadão. “Tenho me cuidado fora de campo também, me dedicado aos treinos e isso acaba refletindo em campo e nos meus números. Os gols estão acontecendo com maior frequência. Espero melhorar esses números durante a temporada para ajudar o Palmeiras”.

Abel Ferreira teve mais de uma conversa a sós com Menino neste ano. Depois de o meio-campista ser o protagonista da final do Paulistão, com dois gols na goleada de 4 a 0 em cima do Água Santa, o técnico afirmou que o jogador é especial, mas que, como se empolgava com facilidade e se esquecia às vezes de fazer o simples em campo, tinha de “puxá-lo à realidade” em alguns momentos.

Gabriel Menino comemora seu gol contra o Athletico-PR, em Curitiba Foto: Cesar Greco/Palmeiras

“O Abel e sua comissão técnica são muito importantes para mim. Eles me ajudam e acreditam no meu potencial”, afirma o jogador. “Hoje, tenho uma estrutura fora de campo que me dá todo suporte também, assim como minha família e os jogadores mais experientes com quem procuro aprender e observar”.

No ano passado, com convocação à seleção brasileira na bagagem, ouro olímpico e uma tríplice coroa conquistada em 2020 - Paulistão, Libertadores e Copa do Brasil -, o atleta admitiu que se deslumbrou. A postura o prejudicou, com partidas seguidas no banco e até o corte da lista do Mundial de Clubes em fevereiro do ano passado. Mas ouviu Abel, fez acompanhamento psicológico e pôs a cabeça no lugar para retomar o protagonismo que havia conquistado em 2020 e 2021.

“Eu tenho alguns profissionais que me ajudam no extracampo, tudo sempre alinhado com o clube. Para a parte mental, nutricional, física, financeira, na comunicação e na gestão de carreira”, elenca. “O atleta de alto nível hoje precisa ter todo esse respaldo”.

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Menino ouve e entende tanto as palavras de Abel que transformou em comemoração o famoso mantra “cabeça fria, coração quente”, que dá nome ao livro escrito pelo técnico e seus auxiliares. Sempre que vai às redes, o camisa 25 fecha os olhos, cerra o punho direito e aponta o dedo indicador da mão esquerda em direção às têmporas do rosto. “Ainda sou muito jovem, então estou sempre buscando aprender para evoluir e ser melhor”.

Não mais um novato, ele deixou de ser menino para ser ouvido pelos garotos que sobem ao profissional. “Sei como é esse processo, passei por isso quando subi, então sinto que é algo importante a ser feito no dia a dia. Sei o quanto é difícil esse começo, mas com a cabeça no lugar e dedicação as coisas acontecem”, considera. “A base do Palmeiras é muito forte e tem provado isso ano após anos, com jogadores subindo e também fazendo história em outros lugares”.

Sem Zé Rafael, em tratamento de um estiramento no joelho direito, Menino recuou e passou a jogar mais perto da zaga. Jogou assim contra o Bolívar e também estará nessa posição diante do São Paulo nesta quarta, no jogo de ida das quartas de final da Copa do Brasil. O novo posicionamento lhe deixa menos perto do gol, mas obriga a ser combativo e participar até mais do jogo. “É uma posição que já fiz, inclusive jogando com o próprio Zé Rafael. Para mim é tranquilo, é um setor que participo mais do jogo, pego mais na bola e gosto de fazer também”.

Está nos seus planos retornar à seleção brasileira, agora comandada interinamente por Fernando Diniz. “Com certeza é um dos objetivos que tenho na carreira. Pude ser chamado pra principal, conquistei uma Olimpíada pelo Brasil e tudo isso é muito mágico. É algo que fica pra sempre na carreira do atleta. Sei que pra isso voltar a acontecer vai depender do que fizer pelo Palmeiras, então é seguir trabalhando firme como tenho feito”, afirma.

Gabriel Menino transformou mantra de Abel Ferreira em comemoração  Foto: Cesar Greco/Palmeiras

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Promovido aos profissionais por Vanderlei Luxemburgo no começo de 2020 em uma leva que tinha também Patrick de Paula, Menino ostenta nove títulos pelo Palmeiras. Ele quer repetir a dose no Brasileirão e na Libertadores, cuja taça já ergueu duas vezes, mas a obsessão é outra. “Claro, o sonho do torcedor e o nosso é o Mundial”.

Com contrato com o Palmeiras até o fim de 2025, sua ideia - ao menos por ora - não é seguir a mesma jornada de Danilo, Gabriel Veron, Giovani e outras crias do clube que rumaram para o exterior. “Tenho contrato com o Palmeiras e estou muito focado nisso no momento. Prefiro não criar esse tipo de expectativa, até porque é algo que depende de muita coisa e tem que ser algo bom para todos”.

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