A passagem do Irã na Copa do Mundo de 2022 está sendo marcada pela tensão política vivida pelo país, e consequentemente por sua seleção, após protestos estourarem nas ruas iranianas. Entre vaias da torcida na hora do hino e a recusa dos jogadores a cantarem o tema nacional, o Catar se tornou uma vitrine para a situação política do Irã.
Os problemas relacionados ao futebol, no entanto, não ocorrem somente dentro das quatro linhas. Na última quinta-feira, 24, autoridades iranianas prenderam o jogador de futebol Voria Ghafouri, acusado de “insultar a reputação da seleção nacional” e fazer “propaganda contra a República Islâmica”.
Ghafouri foi detido após um treino do Fooolad, do Cuzistão (uma província do Irã). O jogador de 35 anos, de origem curda, publicou uma foto no Instagram usando uma roupa tradicional curda.
Apesar de não ter sido convocado para o mundial de 2022, o atleta vestiu a camisa do Irã na Copa de 2018. Jogador respeitado no país, foi capitão do tradicional clube iraniano Teerã Esteghlal. Ele também é conhecido por ser um crítico ferrenho do regime teocrático.
Analistas dizem que a prisão pode ser um recado do regime teocrático iraniano para a seleção do país não protestar como no primeiro jogo, quando os jogadores não cantaram o hino.
Nesta sexta-feira, 25, o Irã enfrentou o País de Gales e venceu por 2x0. Nas arquibancadas, os protestos da torcida estiveram presentes, mas os jogadores da seleção cantaram o hino.
As manifestações políticas iranianas começaram no mês de setembro, quando a jovem Mahsa Amini, conhecida por seu nome curdo, Jina, foi morta após ser detida pela polícia por supostamente não usar o hijab (véu obrigatório) da maneira adequada. Desde então, o país está em crise.