Museu do Futebol evidencia Pelé e futebol feminino após reforma de R$ 16 milhões; veja detalhes

Espaço integrado ao Estádio do Pacaembu amplia atenção às mulheres, dá destaque à luta antirracista de Vinícius Júnior e exibe camisas icônicas do Rei do Futebol; reinauguração será nesta sexta-feira, com entrada gratuita

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Foto do author Bruno Accorsi
Atualização:

O legado do Rei Pelé, o futebol feminino e a diversidade são os protagonistas da remodelação à qual o Museu do Futebol foi submetido e que poderá ser vista pelo público, de forma gratuita, durante o final de semana da reinauguração do espaço, de 12 a 14 de julho. Foi investido o total de R$ 15,8 milhões pela Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo de São Paulo e por patrocínios captados via Lei Rouanet para a realização da primeira grande reforma desde que o museu foi inaugurado, em 2008.

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Quem se dirigir ao local vai se deparar com obras inacabadas no Estádio do Pacaembu, debaixo do qual está o museu. O passeio cultural, contudo, não é afetado, como atestou a advogada Célia Martins Mazaro, 46, que passeava em São Paulo com a família e decidiu visitar o equipamento três dias antes da inauguração, sem saber do fechamento para reformas.

Por sorte, foi convidada pela organização a se juntar a um tour realizado para profissionais da imprensa. “O que mais me chamou atenção foi o espaço para as jogadoras e a parte de homenagem para o Pelé, acredito que vai ser assim com todo mundo”, diz Célia ao Estadão. O filho dela, José Neto, como torcedor do Santos, também se conectou com a sessão dedicada ao Rei, mas gostou mesmo foi da parte final da exposição, dedicada a uma experiência mais lúdica com atividades que unem futebol e tecnologia.

Legado de Pelé ganhou destaque no Museu do Futebol Foto: Felipe Rau/Estadão

O passeio começa com um vídeo de Pelé convidando o visitante a conhecer os ídolos que construíram o futebol. Ele está falando tanto dos homens quanto das mulheres, como mostram as imagens da primeira sala, que projetam nomes como Ronaldo, Sissi, Didi, Cristiane, Marta, entre outros. A novidade do espaço é uma área com televisores em que são exibidos lances icônicos e históricos, conforme são apertados botões que antecipam o que vem pela frente, como “passe de mágica” e “obras de arte”.

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As jogadas de competições masculinas e femininas aparecem em mesma proporção. É um dos frutos do esforço da curadoria para resgatar a história do futebol de mulheres, iniciada em 2015 e que foi amadurecendo com a realização das exposições Contra-Ataque, em 2019, e Rainha de Copas, em 2023.

O maior desafio foi colher registros visuais. As imagens redescobertas renderam um espaço dedicado exclusivamente à história de resistência do futebol feminino, que chegou até a ser proibido, no ambiente Sala de Copas, antes preenchido apenas por imagens históricas do futebol masculino.

Futebol feminino ganhou mais espaço no Museu do Futebol. Foto: Felipe Rau/Estadão

“Era uma coisa pouco pesquisada, então o Museu do Futebol foi pioneiro nisso. Tinha pouco material visual. Havia muitas histórias, muitos pesquisadores e pesquisadoras pioneiras, muito parceiras, mas as imagens e a documentação fizeram parte de um processo que o Museu do Futebol de alguma maneira provocou e começou a recolher. Era uma das agendas da renovação. Com essa pesquisa de longa duração, como a gente traduziria à altura”, explica Marília Bonas, diretora técnica do museu e curadora da reformulação ao lado de Leonel Kaz e Marcelo Duarte.

“Se você olhar, está meio a meio, 50%, homem e mulher. Isso é muito legal. Esse protagonismo das mulheres, não só no futebol. Na Sala das Copas, nós aumentamos o espaço, são 16 telas. A gente conta a história do futebol feminino, que só foi liberado em 1970 e pouco. Era assunto de polícia. O museu atual tem essa potência e essa intensidade”, acrescenta o designer Jair de Souza, responsável pela comunicação visual da exposição.

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Na sala dedicada ao Rei Pelé, estão expostas peças como a camisa da seleção que o Rei usou em duelo com a seleção carioca, em 1968, sob os olhares da Rainha Elizabeth II no Maracanã, e a camisa usada por ele na final da Copa de 1970 contra a Itália.

O museu tem, ainda, espaços que já existiam e foram reformulados de acordo com o avanço que temas ligados à diversidade tiveram desde a inauguração em 2008. A luta antirracista de Vinícius Júnior, por exemplo, é destacada na sala Almanaque da Bola, antes chamada Números e Curiosidades.

Frase de Vinícius Júnior ganhou destaque no 'Almanaque' do museu. Foto: Gabriel Alegreti/Estadão

Já o espaço até então chamado de Salas Heróis passou a se chamar Sala Raízes, com foco mostrar como o futebol ajudou o Brasil a construir sua identidade nacional junto a outros elementos, caso das culturas indígenas e afro-brasileiras. Além de novas informações e temáticas, o espaço teve alguma remodelações visuais.

“A gente fez essa atualização do museu para refletir esse novo País, essa nova sociedade, que está cada vez mais consciente da nossa condição, das nossas problemáticas”, diz Daniela Thomas, encarregada da direção artística e do projeto expográfico junto de Felipe Tassara.

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A preocupação com a inclusão e acessibilidade também está presente, como em uma escultura do rosto de Pelé planejada para pessoas com deficiência visual e uma experiência de narração radiofônica para surdos. “O surdo acaba entendendo o tom e a frequência. Foi feito um ‘vídeo’ para surdos”, explica Jair de Souza.

Na parte final da exposição, o lúdico e a participação atingem seu ápice com equipamentos como um jogo da velha em um painel digital, no qual os espaços são preenchidos chutando uma bola. Há também um desafio de “futebol sentado”, entre outras novidades.

Espaços lúdicos chamam a atenção das crianças no museu. Foto: Felipe Rau/Estadão

SERVIÇO - MUSEU DO FUTEBOL

  • Reabertura: 12/07
  • Horário: das 09h às 17h.
  • Funcionamento: de terça a domingo.
  • Ingressos: R$ 24 inteira e R$ 12, a meia (entrada gratuita em 12, 13 e 14 de julho)
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