PUBLICIDADE

Publicidade

Os 12 pontos que explicam como o Palmeiras conquistou o dodecacampeonato brasileiro

‘Estadão’ destaca os principais aspectos da caminhada da equipe de Abel Ferreira na virada histórica no Brasileirão

Foto do author Ricardo Magatti
Foto do author Marcos Antomil
Por Ricardo Magatti e Marcos Antomil
Atualização:

A 12ª taça do Campeonato Brasileiro foi conquistada pelo Palmeiras com mais drama em comparação aos outros três títulos recentes, coroando um roteiro de reviravolta poucas vezes visto no torneio mais importante do País. O Estadão elencou 12 elementos que explicam como o time treinado por Abel Ferreira se colocou tão perto de conquistar o dodecacampeonato.

Regularidade

O Palmeiras não fez a campanha irretocável de 2022, quando perdeu apenas três vezes e foi protagonista de uma consistência admirável. No entanto, neste ano, depois de muito oscilar, na reta final da competição, momento em que o Botafogo desidratava, o time alviverde disparou e mostrou a solidez necessária para assumir a ponta. Prova disso são os números. Houve apenas uma derrota nos últimos 11 jogos do torneio. Destaque para a sequência de cinco vitórias que começou com um 2 a 0 sobre o Coritiba no Sul.

Experiência de elenco campeão

Fez diferença a favor do Palmeiras ter em seu elenco atletas experientes e vitoriosos, que já tinham experimentado ganhar o Brasileirão e outros títulos importantes. Weverton, Marcos Rocha, Gustavo Gómez e Luan vão se tornar tricampeões da competição. Os três já haviam conquistado o torneio nacional em 2018 e 2022. Lesionado desde outubro, Dudu não teve o destaque de outrora, mas pode se orgulhar de ter vencido o campeonato pela quarta vez - ele venceu também em 2016. E Mayke passará a ser o atleta com mais títulos do Brasileirão desde que o campeonato passou a ser disputado em pontos corridos. O lateral-direito vai erguer sua quinta taça.

Endrick foi o protagonista do 12º título brasileiro do Palmeiras Foto: Carla Carniel/Reuters

Endrick

Em um time competente, mas mais pragmático e mecânico do que vistoso, Endrick foi o protagonista da arrancada palmeirense. Talentoso e precoce, o jovem fenômeno cria da base foi o mais inventivo de todo o elenco dodecacampeão. Quando teve a esperada sequência como titular, colocou a bola debaixo do braço e chamou para si a responsabilidade que não deveria recair em um garoto de 17 anos, mas foi assumida sem maiores problemas graças à genialidade e o poder de decisão do atacante, que marcou dez gols no campeonato.

Força mental

Enquanto o Botafogo vivia um ocaso sem precedentes e desidratava, o Palmeiras subia na tabela graças, sobretudo, à sua força mental, virtude realçada desde que Abel Ferreira assumiu o comando do time. Os relatos dos atletas deixam claro que os jogadores não sentem a pressão em cenários adversos. Isso ficou bastante evidente em dois jogos específicos: a impressionante virada por 4 a 3 sobre o Botafogo, consumada com três gols nos minutos finais e depois de estar perdendo por 3 a 0, e o empate com o Fortaleza no Castelão jogando com um atleta a menos desde o início do segundo tempo.

Mudanças táticas

Quando as coisas não davam certo e o time vinha de quatro derrotas seguidas, Abel resolveu mudar a formação tática. Fã da linha com três zagueiros, o treinador adotou o sistema contra o Coritiba, em duelo da 28ª rodada. Mesmo quando não tinha seus melhores zagueiros - Gómez foi desfalque duas vezes na reta final e Luan se machucou -, a equipe ganhou consistência, passou a levar menos gols e os laterais, que viraram alas, se destacaram no ataque. Na esquerda, o uruguaio Piquerez se tornou um dos nomes da trajetória vitoriosa.

Abel Ferreira completou três anos no comando do Palmeiras em outubro de 2023. Foto: Cesar Greco/ SE Palmeiras

5 a 0 no Choque-Rei

O inesperado massacre sobre o São Paulo foi o ponto de inflexão do Palmeiras no Brasileirão. Antes do clássico, nem o palmeirense mais otimista tinha a crença de que o time lutaria pelo título. Àquela altura, terminar o torneio entre os quatro primeiros seria grande negócio. Mas os 5 a 0 em casa diante do rival tricolor, um dos piores algozes em muitos momentos, deram ânimo e confiança ao conjunto alviverde, que começou a crer que a conquista era viável.

Publicidade

Ataque decisivo

Abel também mudou a formatação do ataque do Palmeiras nessa reta final de Brasileirão. Antes com um trio de atacantes fixo - Dudu, Rony e Artur -, o técnico se viu obrigado a modificar a estrutura e apostar na dupla Endrick e Breno Lopes, após testar as entradas do jovens Luís Guilherme e Kevin. No torneio, o time alviverde é dono do melhor ataque, o que favoreceu a equipe na disputa no saldo de gols com os principais adversários.

Cabeça quente

O mantra “cabeça fria, coração quente” nunca foi seguido ao pé da letra pelo seu criador, Abel Ferreira. Neste Brasileirão, houve dois momentos marcantes de “explosão” da comissão técnica. Diante do Athletico-PR, jogo em que Abel estava suspenso, João Martins disse que um bicampeonato do Palmeiras seria “ruim para o sistema”. A fala gerou nota de repúdio da CBF e uma punição. Abel também deixou o jogo contra o Grêmio, em Porto Alegre, antes do fim ao reclamar da arbitragem e falar “isso é roubar”. Ele pegou um gancho de dois jogos. Nessa reta final, duas expulsões de Gustavo Gómez custaram caro. Contra o Flamengo, o Palmeiras não conseguiu suportar a pressão de ter um a menos e perdeu por 3 a 0, mas diante do Fortaleza, alcançou um empate heroico por 2 a 2.

Palmeiras vai erguer sua 12ª taça do Brasileirão Foto: Amanda Perobelli / Reuters

Laterais

A arrancada do Palmeiras teve participação fundamental dos laterais Mayke e Piquerez. Os dois foram avançados à linha do meio de campo, passando a atuar como alas quando o time detinha a posse de bola. A contribuição defensiva não deixou de existir por causa dessa alteração. Os reservas Marcos Rocha e Vanderlan também deram conta do recado quando foram usados e deslocados de posição eventualmente. O primeiro fez vários jogos como zagueiro.

Versatilidade

Quando escolheu ter um elenco curto, Abel elegeu a versatilidade como um ponto crucial para o Palmeiras funcionar. Os jogadores têm a capacidade de fazer mais de uma função e ocupar duas ou três posições dentro de campo. É assim com Zé Rafael, Marcos Rocha, Piquerez, Mayke, Endrick, Rony, Artur e Luís Guilherme.

Zé Rafael foi um dos craques do Palmeiras em 2023. Foto: Cesar Greco/ Estadão

Dupla de volantes

PUBLICIDADE

A perda de Danilo, vendido ao Nottingham Forest ao término da última temporada, não foi reposta. Abel insistiu no pedido de reforço para o setor, mas não foi atendido. Como alternativa, mudou a posição de Zé Rafael. O jogador, que já foi ponta-direita, passou a maior parte da “era Abel” como segundo volante e foi recuado para ajudar na construção das jogadas e fortalecer a marcação. Com Gabriel Menino ao seu lado, o setor não funcionou tão bem, mas o encaixe com Richard Ríos na parte final da temporada foi determinante para o Palmeiras recuperar o bom futebol.

Blindagem

Nota de repúdio da CBF, especulações do mercado da bola e discussões entre a presidente Leila Pereira e parte da torcida do Palmeiras. Nada disso causou repercussão dentro de campo. Apesar da má fase em determinado momento ter amplificado essa turbulência fora dos gramados, nas quatro linhas o Palmeiras se sustentou com concentração e foco, sem desistir do título nacional.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.