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Quem está por trás da patrocinadora que ofereceu contrato de R$ 370 milhões ao Corinthians?

Espaço mais nobre da camisa alvinegra é estampado pela Vai de Bet, marca do ramo das apostas que tem como dono um empresário de Campina Grande, na Paraíba, que fez carreira no setor imobiliário

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Foto do author Rodrigo Sampaio
Atualização:

O Corinthians dispõe atualmente do maior patrocínio máster do futebol brasileiro. Ao tomar posse no início do mês, o presidente Augusto Melo anunciou um acordo do clube com a Vai de Bet, marca do ramo de apostas que ofereceu R$ 360 milhões, mais luvas de R$ 10 milhões, para estampar o espaço mais nobre da camisa corintiana por três temporadas. Serão pagos anualmente R$ 120 milhões, valor recorde no futebol nacional. O fato de a Vai de Bet ainda ser pouco conhecida no mercado chamou a atenção quando foi selada a parceria com o clube paulista, que busca gerar novas receitas a curto prazo para o pagamento de dívidas e investir pesado no time.

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Criada em 2022, a Vai de Bet é uma das marcas da empresa Betpix NV, holding com registro em Curaçao, ilha holandesa situada no Caribe, onde a operação de casas de aposta são permitidas — no Brasil, a regulamentação das bets foi sancionada em dezembro do ano passado. Outras marcas do grupo são Betpix365, Betpix, Obabet e Pix365, todas estas plataformas de aposta. O nome por trás do investimento no Corinthians é o empresário José André da Rocha Neto, de Campina Grande, na Paraíba.

Segundo o site Transparência.cc, José André da Rocha Neto tem participação em 31 empresas com CNPJ oriundo da Paraíba e São Paulo. Destas, 27 ainda estão ativas, sendo 22 filiais e nove matrizes. A grande maioria atua no ramo imobiliário, sendo a mais recente a Celiforte Construções e Incorporações, e a mais antiga a Torre Forte Construções, ambas de Campina Grande. O capital social dos empreendimentos ligados ao nome do empresário somam aproximadamente R$ 19,2 milhões, e ele possui outros 37 sócios.

'Vai de Bet' acertou patrocínio máster com o Corinthians em R$ 360 milhões por três temporadas.  Foto: Jozzu/Agência Corinthians

Segundo apuração do Estadão, em 2017, José foi investigado pelo Ministério Público Federal por suspeita de participação em um esquema de fraude a licitações na Paraíba. Dois anos depois, ele foi absolvido por falta de provas. Em maio do ano passado, na CPI das apostas esportivas, tanto o empresário quanto a Vai de Bet tiveram a quebra de sigilo bancário solicitada pelo deputado federal Luciano Vieira (PL-RJ) para a avaliação de “possíveis fraudes e crimes”. O relatório final não menciona irregularidades cometidas por ele.

No mesmo mês, ele foi convocado pelo deputado Yury do Paredão (PL-CE) a prestar depoimento para “esclarecimentos e o aprimoramento dos mecanismos de controle e regulação das apostas esportivas”.

A Vai de Bet não está entre as mais de cem empresas que se cadastraram na lista de prioridade do Governo Federal para obter a autorização a fim de operar no Brasil. A outorga está estipulada em R$ 30 milhões e será uma das exigências para marcas patrocinarem clubes de futebol no País. O Estadão apurou que a Vai de Bet planeja cumprir tudo o que for necessário para atender à regulamentação e patrocinar o Corinthians é uma prova dessa intenção.

Na quarta-feira, dia 31 de janeiro, a 43ª Vara Cível de São Paulo determinou o bloqueio de R$ 38,8 milhões das contas bancárias do Corinthians. O valor é referente à ruptura de contrato com a Pixbet, patrocinadora máster do clube até dezembro. A Justiça estabeleceu, ainda, que a Vai de Bet fizesse o repasse do montante até a diretoria corintiana quitar o valor da rescisão.

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Inicialmente, o presidente Augusto Melo afirmou que a marca seria a responsável pelo pagamento da quebra de contrato, mas a Vai de Bet fez o repasse somente dos valores de patrocínio acordados entre as partes, com depósitos de R$ 10 milhões por mês ao longo do ano. Na quinta-feira, dia 1º de fevereiro, o clube anunciou que chegou em um denominador comum com a Pixbet para quitar a pendência de forma parcelada.

O contrato com a Pixbet foi firmado em 2022, na gestão de Duílio Monteiro Alves, em acordo inicialmente de três anos. O contrato previa o pagamento de R$ 30 milhões em luvas, dividido em duas parcelas iguais, uma no ato da assinatura e outra em janeiro de 2023 — R$ 10 milhões a cada ano de vínculo. Em caso de rescisão de contrato, o clube seria obrigado a devolver as luvas e pagar uma multa estipulada em R$ 30 milhões, calculada proporcionalmente ao tempo de contrato não cumprido. Como o Corinthians ficou apenas um ano tendo a Pixbet como patrocinadora, terá de devolver R$ 20 milhões referente às luvas, e outros R$ 20 milhões do restante do vínculo não cumprido.

O Corinthians está em busca de novas fontes de receita para conseguir manter um investimento alto no futebol e ao mesmo tempo em que paga suas dívidas, cujo valor é de aproximadamente R$ 850 milhões. O presidente Augusto Melo contratou uma empresa de auditoria, a Ernst & Young, para analisar a situação financeira do clube. Segundo ele, o cenário é “bem pior do que se imaginava”. O mandatário espera que o clube atinja R$ 1 bilhão em acordos de patrocínio ainda no primeiro semestre.

No primeiro mês da gestão Augusto Melo, seis jogadores assinaram contrato para a temporada 2024: Hugo (lateral-esquerdo), Félix Torres (zagueiro), Diego Palacios (lateral-esquerdo), Raniele (volante), Rodrigo Garro (meia-atacante) e Pedro Raul (atacante). A ideia da diretoria é fechar com mais um zagueiro, um lateral-direito e meio-campista.

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