A seleção feminina de futebol vai disputar a sua terceira final olímpica em Paris 2024 às 12h deste sábado. Para a partida, o treinador Arthur Elias vai poder contar com o retorno de um dos principais nomes da seleção, a rainha Marta. Fora das quartas de final contra a França e da semifinal contra a Espanha, por estar cumprindo suspensão após ter sido expulsa, ela volta a ser opção.
O bom desempenho da seleção nas duas partidas em que Marta não esteve em campo, porém, trouxe questionamentos sobre se a jogadora deve ser titular na final. Apesar das boas vitórias contra as seleções europeias, Marta ainda é a líder de assistências do Brasil na competição.

A jogadora foi diretamente responsável pelos dois gols que o Brasil marcou nas duas primeiras partidas da fase de grupos. Saíram dos pés dela os passes para os dois únicos gols marcados pela equipe. O primeiro na vitória contra a Nigéria (1 a 0), e o segundo na derrota para o Japão (2 a 1).
Contra a Espanha, na fase de grupos, o Brasil não marcou gols e foi derrotado por 2 a 0. Foi nessa partida que Marta foi expulsa no fim do primeiro tempo. Ela pegou dois jogos de suspensão. O primeiro foi cumprido nas quartas de final, quando o Brasil venceu a França por 1 a 0. O segundo foi contra a mesma Espanha, mas agora pela semifinal, onde a seleção teve uma vitória contundente por 4 a 2.
O que dizem os especialistas
Ana Thaís Matos
A comentarista do Grupo Globo Ana Thaís Matos destaca que os jogos ruis da seleção brasileira não foram por conta da presença de Marta em campo, e que a melhora veio da mudança na forma de jogar na fase mata-mata, e não pela ausência da jogadora. Além disso, o fato dela ter participado dos dois gols do Brasil na fase de grupos sinaliza que ela vinha fazendo uma boa competição.
Por conta do modelo de jogo dos Estados Unidos, porém, o treinador Arthur Elias pode optar por começar com a Marta no banco de reservas.
“O erro foi o modelo de jogo adotado contra a Espanha, que colocou o time inteiro pra marcar dentro da área e isso fez a Marta jogar fora de posição, apenas se defendendo. A expulsão passa muito por isso e ela errou e foi punida, mas foi muito mais um acidente com erro, do que maldade ou por ela não estar jogando bem. O jogo da final contra os EUA é extremamente físico e com muita força pelos lados, em especial o lado direito com a Emily Fox, Trinity Rodman e Sophia Smith. Jogando “espalhado” pelo campo, como fez contra França e Espanha, o Brasil tem uma exigência de vencer duelos ocupando espaço e impedindo progressão, por isso eu acredito que o Arthur optaria em não iniciar com a Marta. E as estadunidenses são excelentes em progressão, principalmente pela parte física. Por esse contexto de jogo, a Marta pode começar no banco, caso Arthur Elias opte pelo “falso 4-2-4″ com mais leveza pra subir os contra ataques e também pressionar no campo de defesa adversário.”
Ju Cabral
Para a ex-jogadora da seleção e comentarista da CazeTV, Ju Cabral, que esteve presente na final contra os EUA as Olimpíadas de Atenas 2004, a seleção americana cresceu ao longo da competição, assim como o Brasil e, portanto, o controle do jogo deve oscilar durante a partida. Mas a seleção vai ter que tomar cuidado com os ataques em profundidade das americanas, que também se defendem bem.
Ela também ressalta como o Brasil tem perdido jogadoras lesionadas, e portanto, o retorno da Marta é fundamental. Além disso, para Ju Cabral, esse é o melhor momento da jogadora na Seleção Brasileira, e que a titularidade dela vai depender da estratégia do treinador Arthur Elias.
“O Arthur está com um banco pequeno, então ter mais uma jogadora é de suma importância. Se a gente pensar na Marta, no comando do Arthur Elias, para mim é o melhor momento que ela vive dentro da Seleção Brasileira, exercendo essa função de jogar mais atrás da atacante. Ela é uma jogadora de muita experiência, que pode trazer ainda mais qualidade nesse passe final, nessa ligação de conectar a saída com o meio de campo ao ataque com muita qualidade, então acho que é um ganho muito grande para o Brasil. Se a Marta tem que jogar ou não vai depender muito da estratégia do Arthur Elias, do que ele pensa em relação a Marta o tipo de marcação, o que é que ele vai fazer, de qualquer modo na minha visão acho que é um retorno extremamente importante, a Marta vinha desempenhando muito bem e tenho certeza que vai ajudar muito nessa final, saindo do banco ou sendo titular”.
Alicia Klein
Para a jornalista Alicia Klein, colunista do UOL, não é o momento de mudar a maneira de jogar e, portanto, mesmo sendo uma jogadora de alto nível, Marta poderia ser uma melhor opção para o segundo tempo da partida.
“É uma decisão difícil para Arthur Elias, pela grandeza de Marta. Mas o Brasil provou que consegue vencer sem ela e sua entrada implicaria na mudança da forma de a seleção jogar - que funcionou especialmente bem contra a Espanha. Um meio campo combativo e veloz, capaz de fazer ligações precisas com Gabi Portilho, Adriana. Ela pode ser uma arma poderosa no banco e entrar a depender do andar da carruagem contra os Estados Unidos”.
Paulo Vinícius Coelho, PVC
Também colunista do UOL o jornalista Paulo Vinícius Coelho segue a mesma linha de pensamento. O desempenho dos jogos contra França e Espanha indica que a jogadora seis vezes melhor do mundo pode ser uma arma para a segunda etapa da partida.
“Eu não escalaria a Marta na final, não. Acho que ela jogou bem a primeira partida, mas o time se acertou sem ela e vai precisar de muita força e marcação contra os Estados Unidos. Então, eu manteria a formação que jogou, com Pirscila e Jhennifer pelos lados, Gabi Portilho como atacante, num 3-4-2-1, que se transforma em 5-4-1. Deixaria Marta no banco, para utilizá-la na segunda metade do segundo tempo.”