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Análise: Falta de recursos dos Estado explicita fracasso das UPP

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Por Wilson Tosta
Atualização:

A um mês da abertura da Olimpíada, a disseminação de arrastões e assaltos avulsos nas ruas do Rio anuncia o naufrágio do projeto de segurança pública para os Jogos e de seu carro-chefe, o programa das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Surgido no fim de 2008, o programa ganhou destaque internacional com a tomada do Complexo do Alemão, em novembro de 2010.

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Enquanto durou, a contenção da criminalidade se refletiu em alguns indicadores em queda. Em 2009, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, houve, no Estado do Rio, 33,2 homicídios dolosos (com intenção de matar) para cada 100 mil habitantes; em 2010, 27,6; em 2011, 24,9. A curva começou a mudar em 2012, quando o indicador subiu para 25,1. Continuou a apontar para cima em 2013, quando chegou 28,9 por 100 mil, no ano de repressão da Polícia Militar a manifestações marcadas pelo grito “Cadê o Amarildo?”. Era uma referência ao desaparecimento do auxiliar de pedreiro Amarildo de Souza, preso, torturado e assassinado por PMs da UPP da Rocinha - o corpo nunca apareceu. Em 2014, o índice chegou a 30/100 mil. 

Para pesquisadores que estudaram o projeto desde o início, o fracasso atual se deve a problemas estruturais. Um levantamento do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) mostrou que enquanto o número de policiais por mil habitantes em 2012, chegava a 2.3, a proporção, nas áreas de UPP, chegava perto de 20. 

A essa síndrome de cobertor curto, juntou-se o treinamento rápido e aos milhares dos novos policiais militares. Ele jogou novatos em comunidades dominadas por quadrilhas fortemente armadas, que resultou em uma sucessão de ataques fatais contra policiais das UPPs. A falta de dinheiro, apenas oficializou o que já se esperava. 

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