PUBLICIDADE

Publicidade

Febre da troca de pins toma conta do Rio de Janeiro

Pequenos broches viram febre em período olímpico – estima-se que 4 milhões de trocas serão feitas nos Jogos

Por Paulo Favero e enviado especial ao Rio
Atualização:

A cada edição dos Jogos Olímpicos, o fenômeno dos pins, aqueles pequenos broches que usam o tema da competição e da cidade-sede para atrair torcedores, viram febre e começam a fazer parte do cotidiano de novos colecionadores. Para a edição no Rio, a estimativa é que sejam feitas 4 milhões de trocas.

Como não poderia deixar de ser, um evento deste porte atrai os grandes colecionadores de pins do mundo, que vêm de diversas partes para ampliar seus acervos. Um deles é Sidney Marantz, o Sid, de 71 anos, que ao lado da mulher Joan acumula 17 mil pins em casa. “Esta é minha 16ª Olimpíada, incluindo as edições de inverno”, conta Sid.

Sidney Marantz troca pins há 40 anos e já esteve em 15 Jogos. Sua esposa, Joan, foi a 12 Olimpíadas Foto: Fabio Motta/ Estadão

PUBLICIDADE

Os primeiros pins olímpicos surgiram a partir dos Jogos de 1896, em Atenas, mas os objetos eram restritos aos atletas e à família olímpica, que inclui dirigentes, treinadores, juízes e membros das comissões técnicas. “Conheci uma pessoa certa vez que me disse que desde os Jogos de 1948, em Londres, ocorriam as trocas de pins”, explica.

Para Sid, a brincadeira começou em 1976, nos Jogos de Montreal. Na época, sua filha tinha dois anos e meio e ele decidiu levar um punhado de pins para trocar. Logo percebeu que precisava de mais, e mais, e nessa mesma edição foi iniciando uma coleção enorme. Essas trocas também afetaram os atletas, que se viram envolvidos de alguma forma nisso.

Mas o momento que o hábito virou febre foi nos Jogos de Los Angeles, em 1984. Foi ali que iniciou o estopim das trocas de pins, principalmente por causa de uma tenda montada pela Budweiser. “Era o cenário perfeito, pois tinha muitos americanos ricos, grandes empresas passaram a fazer pins e muitos colecionadores apareceram ou começaram a fazer isso ali.”

Turistas realizam troca de pins em frente a entrada de imprensa do Parque Olímpico Foto: Fabio Motta/ Estadão

Sid acredita que seu acervo vale US$ 300 mil (R$ 950 mil), mas ele logo avisa: “Não está à venda”. Para os Jogos do Rio, ele trouxe mil peças e pretende voltar para casa com até três mil pins. A matemática das trocas permite isso: ele pode trocar uma peça de interesse de outra pessoa por duas que já tenha, e assim, mesmo que sejam repetidas, vai tendo mais moeda de troca. “Só compro se não tem outro jeito de obter aquele pin”, avisa.

Feira. Os colecionadores, grandes ou pequenos, costumam ficar perto de locais estratégicos para trocar com as pessoas e exibir suas peças. No Rio, haverá um espaço para isso, de um patrocinador, dentro do Parque Olímpico. “Vamos trazer 50 colecionadores durante os Jogos, para que possam trocar com as pessoas”, conta Adriana Cavalcanti Boeckh, gerente de marketing da Coca-Cola.

Publicidade

A empresa terá 98 modelos diferentes e pretende vender 170 mil pins nos Jogos. Outros patrocinadores também participam disso e os novos broches podem ser o início de uma coleção. Experiente, Sid dá uma dica para os futuros colecionadores. “Após uma troca de pins, tem de existir um aperto de mão”, diz.

O norte-americano faz parte de um grupo que se chama Olympin, que conta com membros de 35 países. Eles se comunicam entre os eventos e se encontram nas competições. Após uma nova Olimpíada, nos membros surgem. Então as trocas também funcionam como uma marketing importante dos colecionadores.

Em seu acervo, Sid tem um lugar especial para um pin dos Jogos de 1906, não reconhecido como Olimpíada pelo COI (Comitê Olímpico Internacional), uma edição que marcava os dez anos dos Jogos de Atenas em 1896. “É um pin da Suécia e deve valer cerca de US$ 1.500 (R$ 4,750). Mas o mais valioso que existe é um de diamante, feito nos Jogos de Atlanta, que foi comprado pelo Evander Holyfield por US$ 50 mil (R$ 158 mil) na época.”

Sid já passou por um momento inusitado certa vez. Em Torino, nos Jogos de Inverno de 2006, uma pessoa chegou para trocar um pin e ofereceu um da Finlândia. Sid já tinha alguns como aquele, mas mesmo assim acabou trocando. “Aí me falaram que ele era o presidente. Eu pensei que era do Comitê Olímpico deles. Mas estava errado. Era o presidente da Finlândia”, lembra Sid, rindo. Ele também guarda uma foto com o jogador de basquete Yao Ming, quando trocaram pins. “Tenho vontade de trocar um com o Usain Bolt.”