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Futebol, seus bastidores e outras histórias

Opinião|O São Paulo está prestes a explodir feito um barril de pólvora

Derrotas, gozações, atrasos nos salários, debandada de jogadores: ingredientes não faltam para abrir uma crise no Morumbi

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Foto do author Robson Morelli
Atualização:
 Foto: Estadão

Imagino a conversa do presidente Carlos Miguel Aidar convencendo o goleiro Rogério Ceni, de 42 anos, a permanecer no São Paulo até o fim do ano para ser campeão do Brasileiro. "Você é peça fundamental para sustentar o time. Vamos formar um grupo competitivo e ganhar tudo." O futebol vive desses rompantes.

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Ceni deve ter ouvido palavras imaginárias como essas desde que assumiu o gol do Tricolor, vinte anos atrás. Mas Rogério bota pra quebrar após mais uma derrota do São Paulo no Brasileirão, por 2 a 0, para o Atlético-PR. Nos últimos dois jogos, o goleiro amargou seis gols - quatro contra o Palmeiras no fim de semana. Como não gosta de perder (ninguém gosta, mas Rogério nunca soube lidar bem com isso), Ceni sofre e desabafa.

"A gente tinha uma expectativa há duas semanas, três semanas, e muda totalmente. A gente entende a necessidade financeira do clube, mas entendo também minha necessidade de ser campeão. Então são conflitos que a gente tem de resolver", disparou o goleiro tendo como alvo os dirigentes do clubes que cuidam do elenco e das finanças. Ele está coberto de razão. O São Paulo se afunda em seus próprios problemas, vira chacota com derrotas, como a goleada sofrida para o Palmeiras, e em negociações que não se confirmam, como a de Rodrigo Caio no Valencia.

A lista das baixa pegou até o treinador Juan Carlos Osório de calças curtas. Ele não sabia dessa necessidade de vender todo mundo. Deixou claro isso em recentes entrevistas. Talvez se soubesse, não teria assinado o contrato e aceito o convite. Aidar não foi correto com Osorio. As verdades parecem que são sempre escondidas no futebol.

O São Paulo já se desfez dos seguintes jogadores:Souza - Fenerbahçe Rodrigo Caio - Atlético de Madrid Denílson - Al Wahda Paulo Miranda - Red Bull Salzburg

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Tem mais. Alexandre Pato fez o diabo para arrumar sua rescisão na Justiça, alegando falta de pagamento do Corinthians, que tem o seu contrato, mas também do São Paulo, que paga parte do seu salário pelo empréstimo. O que parece é que ninguém quer ficar mais no Morumbi. O próximo a sair deve ser Luis Fabiano, que já disse que seu ciclo no clube está chegando ao fim - o contrato termina no fim do ano. Nesta semana, Michel Bastos disse não pensar em deixar o clube, mas era clara sua indignação com os atrasos de salários, que a diretoria diz que estava tudo quitado. Não está. Essa falta de pagamento no São Paulo deixa os jogadores com os nervos à flor da pele e com uma desculpa pronta no bolso para os fracassos e as atuações ruins.

O sentimento que tenho do São Paulo é que o clube está prestes a estourar feito um barril de pólvora. Alguns jogadores e talvez o prestígio do presidente estejam segurando e adiando esse momento, mas a combinação é explosiva: derrotas, gozações e falta de pagamento. Alguma coisa precisa ser feita para que Aidar não perca o controle e que o time não jogue a toalha numa debandada, numa possível greve ou em declarações como as de Rogério Ceni após a derrota para o Atlético-PR.

ÚLTIMOS TRÊS RESULTADOS 2 a 1 para o Atlético-PR 4 a 0 para o Palmeiras 1 a 1 com o Avaí

Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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