O vídeo de um enterro falso na Jordânia foi tirado de contexto nas redes sociais e é compartilhado como se tivesse sido filmado em um protesto de palestinos. Este conteúdo viralizou após a escalada de violência entre Hamas e Israel na Faixa de Gaza.
A mensagem que acompanha o vídeo diz: "Os palestinos faziam um protesto contra Israel. Quando tocou a sirene de alerta de foguetes, todo mundo saiu correndo, até o morto!". Leitores solicitaram a checagem deste conteúdo pelo WhatsApp do Estadão Verifica, 11 97683-7490.
Uma busca reversa no Google permitiu encontrar o vídeo postado no Facebook em 23 de março de 2020. Portanto, são imagens antigas, que não poderiam ter sido gravadas durante o conflito atual -- interrompido por um cessar-fogo aprovado nesta quinta-feira, 20.
Ao final da gravação analisada, é possível ouvir risadas. Isso levanta a suspeita de que as imagens não teriam sido gravadas num momento tenso de confrontos armados.
O jornal norte-americano USA Today também checou este conteúdo. A verificação cita uma notícia de 24 de março do site Al Roeya, dos Emirados Árabes Unidos, para afirmar que o vídeo era uma pegadinha. Jovens na Jordânia simularam o enterro como forma de driblar o lockdown que naquele momento estava em vigor no país por causa da pandemia de covid-19.
Portanto, o vídeo não é atual nem foi gravado na Palestina. Ele também não mostra pessoas forjando um funeral para criticar Israel.
Este conteúdo também foi checado pela iniciativa de checagens do India Today e pela agência AFP.
Violência entre Israel e Palestina
Esta semana foi marcada por uma escalada na violência entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza. Nesse ambiente, o conflito foi alvo de desinformação nas redes. O Estadão Verifica já mostrou ser falso que um atentado forjado tivesse sido gravado na Palestina. Na verdade, trata-se de uma operação policial de inteligência no Iraque.
Como mostrou o The New York Times, até mesmo o porta-voz do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu tuitou um vídeo que afirmava ser de integrantes do Hamas na Faixa de Gaza. No entanto, as evidências mostram que o vídeo era de 2018 e provavelmente foi gravado na Síria ou na Líbia.