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É falso que governo Lula tenha patrocinado show da Madonna e deixado de enviar recursos para o RS

Apresentação em Copacabana foi financiada por instituições privadas, com apoio estadual e municipal; União liberou R$ 580 milhões em emendas para vítimas do desastre ambiental

Por Gabriel Belic e Giovana Frioli

O que estão compartilhando: que o show da Madonna em Copacabana, no Rio de Janeiro, foi pago pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto o Rio Grande do Sul não recebeu nenhuma verba federal para socorrer a população atingida por fortes enchentes.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O show da cantora custou cerca de R$ 60 milhões e foi patrocinado pelo banco Itaú, juntamente com a marca Heineken. O evento gratuito contou com o apoio da prefeitura do Rio de Janeiro e do governo do Estado, que destinaram R$ 10 milhões cada à produção. Em relação aos desastres no Rio Grande do Sul, o governo federal liberou o pagamento de R$ 580 milhões em emendas ao Estado.

É falso que o governo federal tenha patrocinado show da Madonna e deixado de enviar recursos para o Rio Grande do Sul Foto: Reprodução/Facebook

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Saiba mais: em meio ao maior desastre ambiental do Rio Grande do Sul, circulam informações falsas de que o governo federal financiou o show da Madonna no Rio de Janeiro e não enviou recursos às vítimas das enchentes. Porém, a apresentação da cantora foi patrocinada por instituições privadas, como o banco Itaú e a Heineken, e apoio da prefeitura e do governo do Rio de Janeiro.

A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) publicou um comunicado afirmando que não houve destinação de dinheiro federal para o evento da cantora, que ocorreu na Praia de Copacabana no último sábado, 4. O ministro-chefe da pasta, Paulo Pimenta, gravou um vídeo em que diz estar “perplexo com a quantidade de mentiras” sobre a ligação do show da Madonna com a tragédia no Rio Grande do Sul.

Show da Madonna foi patrocinado por empresas privadas

Não houve investimento federal no espetáculo da Madonna. Como publicou o Estadão, o show da cantora custou cerca de R$ 60 milhões, patrocinados por empresas como o banco Itaú e a Heineken. O investimento público ocorreu por meio da prefeitura do Rio de Janeiro e do governo estadual, que destinaram R$ 10 milhões cada à BonusTrack, produtora responsável pelo evento.

A cantora reuniu mais de 1,6 milhão de pessoas na Praia de Copacabana, segundo estimativa da Riotur. Nesta segunda-feira, 6, o governo do Rio de Janeiro divulgou um balanço de que o evento gerou um retorno de mais de R$ 300 milhões para a economia do Estado. No Instagram, a administração ressaltou o “sucesso” da vinda da artista e destacou o “efeito Madonna” com a chegada de 150 mil turistas nacionais e internacionais e 96% da ocupação hoteleira da cidade.

Governo federal liberou emendas para vítimas de enchentes no Rio Grande do Sul

Em 2 de maio, Lula esteve no Rio Grande do Sul para prestar solidariedade ao Estado. Durante a visita, o petista disse que não faltarão recursos do governo federal para minimizar os impactos das chuvas que atingiram a região. A força-tarefa da União para atender os gaúchos conta com o apoio de 17 ministérios, Polícia Rodoviária Federal (PRF), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e Forças Armadas.

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Diferentes peças desinformativas nas redes sociais alegam que o governo federal não destinou verbas ao Rio Grande do Sul. Na verdade, conforme informado pela Secom, a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) autorizou o pagamento de R$ 580 milhões em emendas do Estado para atender 497 municípios.

De acordo com o governo federal, há ainda a previsão de liberação de dinheiro por meio dos ministérios da Saúde, Desenvolvimento Regional, Agricultura e Pecuária, Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Esporte, Educação e Justiça. O governo federal informou ainda ter mobilizado outras ações de socorro e assistência ao Rio Grande do Sul.

A Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sesan) empenhou R$ 8,39 milhões para o pagamento de 52 mil cestas de alimentos ao Estado. O Ministério da Saúde confirmou a mobilização de 60 profissionais do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e do Grupo Hospitalar Conceição (GhC), além do envio de 20 kits de emergência para atender até 30 mil pessoas durante um mês.

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O Ministério de Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome disponibilizou R$ 807,2 milhões em antecipação de pagamentos já previstos, como o Bolsa Família, Auxílio Gás, dentre outros. Outra ação envolve o Ministério das Comunicações, que, por intermédio da Telebras, enviou 14 Terminais Satelitais Transportáveis (T3SAT) para conexão banda larga via satélite, com intuito de auxiliar equipes de resgate.

Como lidar com postagens do tipo: ambos os fatos descritos nas publicações foram amplamente noticiados pela imprensa. O patrocínio do Itaú ao show da cantora pop, por exemplo, veio a público no mês de março, anunciado pelo próprio banco. Já as informações relacionadas à tragédia no Rio Grande do Sul são divulgadas a nível nacional diariamente, incluindo medidas do governo federal para conter os danos do desastre. Antes de compartilhar um conteúdo duvidoso, faça uma pesquisa por meio de palavras-chave no seu buscador de preferência (aqui, a reportagem procurou por “governo federal” e “Rio Grande do Sul”, e “Madonna”, “patrocínio” e “show”).

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Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

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