62º dia de guerra: Após anúncios de mais armas para Ucrânia, Rússia corta gás de dois membros da Otan

Tanto Moscou quanto os Estados Unidos e seus aliados ocidentais agravaram a tensão que envolve o conflito

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Por Redação
Atualização:

Neste 62º dia de guerra, tanto a Rússia quanto os Estados Unidos e seus aliados ocidentais aumentaram suas apostas envolvendo o conflito na Ucrânia. Reunidos na Alemanha, chefes da Defesa de 40 países, incluindo os EUA, prometeram acelerar o esforço para deter a ofensiva da Rússia na Ucrânia e degradar sua máquina de guerra.

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Uma Alemanha antes relutante em enviar armas, pressionada, anunciou que vai mandar tanques de defesa aérea para Kiev pela primeira vez na guerra. O anúncio alemão foi feito um dia depois de o Pentágono reconhecer que o objetivo dos EUA na guerra era conseguir uma Rússia “enfraquecida”.

Moscou respondeu usando sua moeda forte: o gás que abastece a Europa. A gigante de energia russa Gazprom comunicou aos governos da Bulgária e da Polônia que o fornecimento de gás seria interrompido a partir desta quarta-feira.

Hlib Kihitov, de 21 anos, se despede de seu irmão gêmeo, o soldado ucraniano Ehor Kihitov, morto em combate no leste da Ucrânia, em 26 de abril  Foto: Finbarr O'Reilly/The New York Times

Antes disso, o Kremlin acusou o Ocidente de buscar uma guerra por procuração e ignorar o “risco real” de uma 3ª Guerra. Ao reagir às visitas de altos representantes do governo americano a Kiev, no domingo, com a promessa de mais armas aos ucranianos, o chanceler russo, Serguei Lavrov, disse que uma guerra nuclear não deve ser subestimada. Saiba mais sobre esse 62º dia da guerra na Ucrânia:

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Subindo as apostas

Os Estados Unidos reuniram oficiais de defesa de mais de 40 países aliados na Alemanha nesta terça-feira, 26, para discutir o envio de novas armas à Ucrânia para combater a Rússia. No mesmo momento, a Alemanha anunciou que vai enviar tanques de defesa aérea para Kiev pela primeira vez na guerra, mostrando uma mudança na política anterior de não enviar ajuda militar pesada. A ideia foi que os países reunidos saíssem com um consenso sobre as necessidades de segurança da Ucrânia, segundo o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd J. Austin III.

Embora o governo da Alemanha nunca tenha se colocado explicitamente contra o fornecimento de armas pesadas para a Ucrânia, encontrou muitas razões para não permitir sua exportação. Portanto, a notícia na terça-feira de que permitiria o envio de até 50 veículos antiaéreos blindados - um modelo usado chamado Gepard Flakpanzer - foi uma surpresa e um sinal de uma mudança potencialmente importante na política do governo, impulsionada por pressão não apenas da oposição conservadora, mas também de um grupo de legisladores da própria coalizão que forma o governo.

‘Gasolina no fogo’

Em meio à nova escalada, o secretário-geral da ONU, António Guterres, desembarcou em Moscou nesta terça-feira para uma reunião de cúpula com o presidente russo, Vladimir Putin. A visita ocorreu um dia depois de o ministro das Relações Exteriores Serguei Lavrov afirmar que tanto a possibilidade de um novo conflito em escala global quanto a de uma guerra nuclear não deveria ser subestimada.

O secretário-geral da ONU, António Guterres (C), se reúne com o chanceler russo, Serguei Lavrov (D), em Moscou  Foto: Russian Foreign Ministry/AFP

Em declarações que parecem ter sido gravadas após as visitas de autoridades americanas a Kiev no domingo, Lavrov afirmou que a Otan está “jogando gasolina no fogo” ao fornecer armamentos aos ucranianos, segundo uma transcrição em russo postada no site do Ministério das Relações Exteriores da Rússia.

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Sem rublos, sem gás

Em mais uma resposta ao Ocidente, a Polônia e a Bulgária disseram que a Rússia está cortando o fornecimento de gás para os dois países da Otan, nas primeiras ações desse tipo no contexto da guerra da Ucrânia. As duas nações recusaram as exigências do Kremlin de que o pagamento pelo gás fosse feito em rublos e indicaram que não sofrerão escassez.

Trabalhador inspeciona equipamento de uma estação da Yamal-Europe em Nesvizh, na Belarus  Foto: Sergei Grits/AP

Os governos dos dois países europeus disseram nesta terça-feira que foram informados pela gigante de energia russa Gazprom de que o fornecimento de gás seria interrompido. Segundo a empresa estatal de gás da Polônia, PGNiG, as entregas pelo gasoduto Yamal-Europa seriam interrompidas na quarta-feira, 27. O Ministério da Economia da Bulgária emitiu comunicado semelhante.

Para as vítimas, a barbárie

Médicos forenses que realizam exames póstumos nos corpos encontrados em valas comuns ao norte de Kiev dizem ter encontrado evidências de que algumas mulheres foram estupradas antes de serem mortas pelas forças russas, segundo reportagem do jornal The Guardian. As evidências foram vistas em dezenas de autópsias de moradoras de Bucha, Irpin e Borodianka, cidades que ficaram sob ocupação russa por cerca de 1 mês.

Equipe forense exuma corpos de vala comum na cidade de Bucha, em 13 de abril  Foto: Volodymyr Petrov/Reuters

Uma equipe liderada pelo médico forense Vladislav Perovski para realizar autópsias na região examina cerca de 15 corpos por dias, e muitos deles estão mutilados. “Há muitos corpos queimados e corpos fortemente desfigurados que são simplesmente impossíveis de identificar”, disse ele ao Guardian. “O rosto pode ser esmagado em pedaços, você não pode montá-lo novamente, às vezes não há cabeça nenhuma.”

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Guerra se alastra

Duas novas explosões foram registradas nesta terça-feira na região separatista da Transnístria, na Moldávia, próximo da fronteira com a Ucrânia. O ataque aconteceu um dia depois que várias explosões atingiram o Ministério da Segurança de Tiraspol, capital da região, e aumenta o temor de uma desestabilização na área que envolva a Moldávia e a Transnístria, aliada da Rússia, na guerra da Ucrânia. Ninguém ficou ferido.

A Ucrânia acusou a Rússia de atacar a região para tentar desestabilizar e ter uma justificativa de enviar tropas à Moldávia no futuro, como um desdobramento da guerra no território ucraniano.

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