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Africanos iniciam campanha de imunização contra pólio

Por Agencia Estado
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Centenas de milhares de voluntários começaram a percorrer dez nações africanas nesta segunda-feira em uma iniciativa para conter um surto de poliomielite com origem no norte da Nigéria, onde governos islâmicos regionais proibiram a vacinação. Líderes islâmicos de três Estados Nigerianos proibiram em outubro de 2003 a vacinação contra a poliomielite sob a alegação de que a popular "gotinha" faria parte de um complô americano para disseminar a Aids e a infertilidade entre os muçulmanos. Kaduna - um desses três Estados - suspendeu a proibição às vésperas da campanha de emergência. Entretanto, mesmo ali, moradores de diversos bairros expulsaram os voluntários, que traziam as vacinas em caixas de isopor. "O povo resistirá", declarou Nafiu Baba Ahmed, secretário-geral do Conselho Supremo da Sharia, um influente órgão nigeriano responsável pela implementação da lei islâmica. "Estamos preocupados com a saúde de nossas crianças", disse Ahmed. E ameaçou os membros das equipes voluntárias de vacinação: "Eles não ousariam vir aqui." Proibição traz sérios riscos De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a proibição à vacinação contra a poliomielite no norte da Nigéria fez com que a doença - popularmente conhecida como paralisia infantil - voltasse a ser registrada em sete nações africanas onde já havia sido erradicada. Segundo a OMS, a proibição coloca em risco 16 anos de esforços para a erradicação da pólio no mundo. Trata-se do mais longo projeto de saúde pública já realizado no mundo. Até o surto recentemente iniciado na Nigéria, a poliomielite vinha sendo registrada em apenas seis países, inclusive três africanos (Nigéria, Níger e Egito). Em todo o mundo, os casos caíram de 350.000 em 1988 para menos de mil no ano passado. O surto nigeriano desencadeou a campanha de vacinação emergencial em Benin, Burkina Faso, Camarões, Chade, Costa do Marfim, Gana, Níger, República Centro-Africana, Togo e na própria Nigéria.

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