Alemanha cogita retirar cidadania de extremistas com dupla nacionalidade

Ministro do Interior apresenta uma série de propostas elaboradas após os atentados registrados no país em julho

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Por Redação
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BERLIM - O ministro do Interior alemão, Thomas de Maizière, abriu nesta quinta-feira, 11, o debate sobre a retirada da nacionalidade dos extremistas com dupla cidadania, ao introduzir essa em uma série de propostas elaboradas após os atentados registrados na Alemanha em julho.

"Os alemães que participarem de combates no exterior com uma milícia terrorista e possuam outra nacionalidade deveriam perder sua nacionalidade alemã", propôs o ministro em uma coletiva de imprensa.

O ministro do Interior alemão, Thomas de Maizière, em coletiva de imprensa em Berlim Foto: Wolfgang Kumm/dpa via AP

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Um total de 820 extremistas deixaram a Alemanha rumo à Síria e ao Iraque, segundo um balanço do mês de maio dos serviços secretos alemães. Quase um terço deles já voltou à Alemanha e cerca de 140 foram mortos. Um total de 420 ainda estariam em território sírio ou iraquiano.

Ainda assim, e segundo ele mesmo reconheceu, o ministro conservador terá de negociar duramente com os sociais-democratas (SPD), sócios no governo de Angela Merkel, se quiser impor essa medida.

"Isso será um ponto difícil (de tratar) com o SPD, mas penso que acabará sendo aceitável" para esse partido, disse, fixando como objetivo que a medida seja adotada, junto a outras, antes das eleições legislativas do outono de 2017.

Um responsável do partido Os Verdes, Volker Beck, disse que a medida foi cogitada de maneira "precipitada". De Maizière ressaltou que já era possível privar de sua nacionalidade alemã os binacionais que combatem em forças regulares de um país estrangeiro.

"Não entendo por que dizemos 'fazer isso está fora de questão' quando um (binacional) combate para uma milícia terrorista similar às forças armadas e é considerada um exército", destacou.

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A França também propôs a retirada da nacionalidade em casos similares após os atentados de 13 de novembro em Paris, mas a iniciativa fracassou.

Entre outras medidas propostas nesta quinta-feira, depois dos dois ataques do fim de julho, reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), cometidos por migrantes, De Mazière quer que a "colocação da segurança pública em risco" seja motivo de prisão, para assim poder deter rapidamente pessoas suspeitas de lançar ataques e acelerar os procedimentos de expulsão.

O ministro espera concentrar em apenas uma direção as forças especiais alemãs, para que apenas um comando "possa colocar à disposição" as forças necessárias em caso de ataque.

Além disso, o ministro propôs aumentar os efetivos da polícia "nos próximos anos em milhares", investir em tecnologia e de reconhecimento facial e fundar um escritório central encarregado de lutar "contra a criminalidade e o terrorismo on-line". / AFP 

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