PUBLICIDADE

Antes de visita histórica a Hiroshima, Obama critica ‘ignorância’ de Trump

Em reunião do G7, presidente diz ter ouvido palavras de apreensão sobre provável indicação do bilionário para concorrer à Casa Branca; viagem será marcada por encontro com sobreviventes das bombas atômicas

Atualização:

SHIMA - O presidente americano, Barack Obama, lançou nesta quinta-feira, 26, seu mais duro ataque ao candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, até o momento. Em declarações feitas durante o encontro do G7 em Shima, no Japão, o líder dos EUA afirmou que líderes estrangeiros estão “apreensivos” com o magnata e “têm boas razões para isso”.

PUBLICIDADE

Obama, que viajaria ainda durante a madrugada (horário de Brasília) a Hiroshima para uma visita histórica, ainda acusou Trump de “ignorância sobre os problemas mundiais”. Segundo o presidente, os líderes presentes na conferência do G7 não sabem até onde levar sério os pronunciamentos do candidato republicado.

“Eles estão nervosos e com boas razões, porque muitas das propostas oferecidas por Trump mostram ou sua ignorância dos assuntos do mundo, ou uma atitude displicente, ou interesse em conseguir tuítes e manchetes”.

O G7 alertou sobre 'a exploração da internet e das redes sociais no mundo todo para propósitos terroristas, de extremismo violento e outros atividades criminosas' Foto: AFP

Ele comparou as promessas de Trump com propostas que seriam necessárias para manter os EUA um país próspero e seguro, e “manter o mundo em equilíbrio”. Perguntas sobre o imprevisível Trump são cada vez mais frequentes quando Obama viaja ao exterior, à medida que os líderes mundiais procuram avaliar com inquietação um candidato à presidência americana que fala em proibir a imigração muçulmana, iniciar guerras comerciais e estender as armas nucleares para o Japão e Coreia do Sul.

Obama disse que hoje Trump é mencionado em todas as suas reuniões no exterior e ele tem procurado tranquilizar afirmando que não acredita que Trump será eleito em novembro.

Além de se opor ao acordo de livre comércio com países da região Ásia-Pacífico, Trump ameaça renegociar o acordo nuclear firmado com o Irã e o pacto global sobre clima alcançado em Paris.

Os países estrangeiros prestam mais atenção às eleições nos EUA do que os próprios americanos porque confiam que Washington oferece estabilidade e uma direção na solução dos problemas mundiais, afirmou o presidente.

Publicidade

“Devo reconhecer que eles estão surpresos com o candidato republicano”, disse o presidente. Analisando a corrida eleitoral do lado democrata, o presidente desconsiderou as preocupações de que a duração da disputa entre Hillary Clinton e Bernie Sanders venha afetando as chances do seu partido.

Seus comentários foram feitos em meio a uma crescente impaciência do lado democrata para ver o partido unido em torno de Hillary Clinton, que está perto de conseguir o número de delegados necessários para sua indicação, mas não consegue convencer Sanders a abandonar a disputa.

Muitos democratas, incluindo senadores influentes, já começam a expressar em público sua frustração com Sanders, que não dá sinais de que vai desistir da disputa tão breve, embora seja quase impossível derrotar Hillary.

Obama rejeitou apelos para se envolver pessoalmente para uma solução rápida do problema, preferindo que a primária democrata se resolva naturalmente. “Durante as primárias, as pessoas ficam um pouco irritadas umas com as outras. O seguidor de alguém perde a paciência e agrava a situação”, disse o presidente.

Afeganistão. Indagado sobre o novo líder anunciado na terça-feira, 24, pelo Taleban, Obama disse que a mudança não é para melhor apesar do ataque de drone dos EUA que matou o mulá Akhtar Mansour, que recusou-se a participar de reuniões para uma reconciliação com o governo do Afeganistão.

O substituto de Mansour, o mulá Haibatullah Akhundzada, deu sinais de que adotará o mesmo enfoque agressivo de seu antecessor. Mas Obama disse nunca ter esperado um “liberal democrata” como novo líder do Taleban. “No curto prazo, prevemos que o Taleban continuará com seus atos de violência”, disse ele. / AP