O governo da presidente Cristina Kirchner (acima, na foto), nega a existência de uma escalada inflacionária. Inflação oficial costuma ser um terço dos índices calculados por sindicalistas e economistas.
O governo da presidente Cristina Kirchner anunciou nesta quarta-feira que a inflação de 2013 foi de 10,9%. Segundo os números elaborados pelo organismo oficial, o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), a inflação de dezembro do de 1,4%. O Indec está sob intervenção federal desde janeiro de 2007, época na qual o governo Kirchner começou a manipulação dos índices de inflação.
A maquiagem dos índices gerou uma brecha cada vez maior entre os números exibidos pelo governo e os cálculos dos economistas independentes. Isso criou um cenário no qual a inflação oficial do ano passado é quase um terço da alta de preços calculadas pelos economistas das principais consultorias portenhas, que estimaram no início desta semana que a inflação de 2013 foi de 28,3%.
Graças à aplicação de um substancial botóx estatístico, a inflação de dezembro do governo também é substancialmente inferior aos cálculos dos economistas, que indicam que no último mês de 2013 a alta foi de 3,3%.
O caminhoneiro Hugo Moyano, líder da Confederação Geral do Trabalho (CGT), a maior central sindical do país, afirmou há poucos dias que a inflação de 2013 foi de 25%. Moyano sustentou ontem que, caso a inflação continue sua escalada nos próximos meses os sindicatos exigirão um aumento salarial de pelo menos 30% durante as negociações coletivas que geralmente ocorrem entre abril e maio.
INFLAÇÃO ARGENTINA DESDE A POSSE DO CASAL KIRCHNER EM 2003 (a partir de 2006 começam as divergências nos cálculos entre a inflação oficial, elaborada pelo Indec e o índice estimado pelas consultorias econômicas)
2003: 13,4%
2004: 6,1%
2005: 9,6%
2006: 9,8% (mas, para economistas foi de 10,7%.)
2007: 8,5% (mas, para economistas foi de 25,7%.)
2008: 8,6% (mas, para economistas foi de 27%.)
2009: 7,7% (mas, para economistas foi de 25%.
2010: 10,9% (mas, para economistas foi de 26%)
2011: 9,5%(mas, para economistas foi de 23%)
2012: 10,8% (mas, para economistas foi de 25,6%)
2013: 10,9% (mas os economistas calcularam 28,3%)
TEVEZ - O "Dólar-Messi", denominação irônica dos argentinos sobre o patamar de 10 pesos para a cotação do dólar no mercado paralelo - em alusão ao número 10 que o astro argentino do Barcelona FC ostenta em sua camiseta - já ficou para trás. Ontem o dólar no paralelo continuou sua escalada e entrou na faixa dos 11 pesos, encerrando a jornada em 11,21 pesos. Por este motivo, iniciou uma nova denominação, o "Dólar-Tevez", em referência à camiseta que o jogador Carlos Tevez ostentou na seleção argentina.
O dólar é considerado o melhor termômetro para medir o ânimo financeiro dos argentinos, que buscam na moeda americana seu refúgio para tempos de crise desde os anos 70.
Em 2009 "Os Hermanos" recebeu o prêmio de melhor blog do Estadão (prêmio compartilhado com o blogueiro Gustavo Chacra).