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Os Hermanos

Macri: o admirador de Freddie Mercury e o bigode postiço (perfis dos presidenciáveis da oposição argentina, parte 3)

Por arielpalacios
Atualização:

Em 1995, decidido a ter uma vida independente do pai, Maurício transformou-se em presidente do Boca Juniors. No comando do time - que transformou em uma máquina de marketing esportivo - tornou-se uma figura conhecida do grande público.

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No final dos anos 90 começou a flertar com a política, aproximando-se do então presidente Carlos Menem (1989-99).

Em 2003 criou seu partido, o Compromisso pela Mudança (CpC), que desde 2005 integra a coalizão de centro-direita Proposta Republicana (PRO).

Diversos analistas o indicam como um político "preguiçoso", já que em diversas ocasiões Macri desinteressou-se do partido, para voltar a ocupar-se tempos depois.

Em 2005 foi eleito deputado, mas quase não apareceu no Parlamento.

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Após vencer as eleições da prefeitura em junho de 2007, em vez de consolidar-se como líder da oposição, saiu de férias. Os efeitos dessa "preguiça" ficaram evidentes quatro meses depois, nas eleições parlamentares e presidenciais, quando seu partido caiu dos 61,9% dos votos obtidos em junho na cidade de Buenos Aires - seu principal reduto - para somente 12% dos votos portenhos. 

Nas eleições parlamentares de 2009 o PRO somente obteve 30% dos votos na cidade governada por Macri.

Nesta semana o  prefeito indicou que pretende ser candidato presidencial .

Franco Macri, pai de Maurício e ícone do capitalismo argentino dos menemistas anos 90. Desde 2004 transformou-se em um ativo defensor da política econômica do governo Kirchner. É uma espécie de "guru" da presidente Cristina Kirchner sobre investimentos da China. Famoso por ser playboy, Franco Macri teve uma longa lista de namoradas de quatro décadas a meio século mais novas que ele. Modelos e atrizes integram sua lista de conquistas.

O PAI - O prefeito enfrenta insólitos percalços. Um deles é gerado por seu próprio pai, Franco Macri, que declarou em meados de 2010 que "pelo lado afetivo, votaria em meu filho. Mas, se votar de forma racional, votaria em Néstor Kirchner".

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O empresário não esconde que considera o filho prefeito um garoto mimado e não perde oportunidades para tecer elogios rasgados sobre o casal presidencial. Dias depois das declarações de Franco, Maurício - que anos atrás definiu o pai como "meu principal inimigo" - apareceu com um olho roxo. Os boatos indicavam que era o fruto de uma briga com seu irmão Mariano, que está do lado do pai.

Gabriela Cerruti, autora de "El Pibe" (O Garoto), biografia não-autorizada do prefeito, sustenta que Macri "não passa de um homem que quis ser empresário de sucesso, fracassou, e refugiou-se no Boca Juniors e na política para fugir do pai todo-poderoso".

Pai e filho possuem discussões pendentes. Segundo a revista "Notícias", Franco sustenta que o filho tentou remover de suas mãos empresas do grupo. Do lado de Maurício, segundo a publicação, as pessoas do círculo do prefeito indicam que o tempo do octogenário Franco "já acabou" e que o empresário não se resigna a uma aposentadoria.

Macri designou em 2009 Jorge Palacios como chefe da polícia metropolitana. Mas, o ex-delegado é suspeito de desde meados dos anos 90 de ter escondido provas sobre o atentado da AMIA, ocorrido em 1994. No ataque terrorista morreram 85 pessoas. Outras 300 foram feridas ou mutiladas. Macri teve que recuar um mês e meio depois da designação, e removeu Palacios do posto. Analistas indicaram que o caso foi uma demonstração da falta de tato do prefeito para assuntos espinhosos. Acima, pessoas caminham sobre sobre os escombros da AMIA, tentando encontrar sobreviventes.

GRAMPOS - No início de 2010 Macri foi acusado de ordenar grampos telefônicos para espionar políticos. O juiz Norberto Oyarbide - que indicou que 400 pessoas foram espionadas por um grupo de policiais comandado pelo então delegado Jorge "Fino" Palacios - sustentou que "existe uma verdadeira Gestapo" em Buenos Aires, em alusão à polícia secreta do Terceiro Reich.

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Um dos alvos da espionagem - focalizada na área financeira dos espionados - foi Sergio Burstein, ativo líder dos parentes das vítimas do atentado realizado em 1994 contra a associação beneficente judaica AMIA.

Entre as pessoas espionadas estavam o próprio braço-direito de Macri, Horacio Rodríguez Larreta (seu chefe de gabinete), parlamentares da oposição e empresários envolvidos em um escândalo de corrupção do setor farmacêutico. Bartolomé Mitre, proprietário do tradicional jornal "La Nación" também foi espionado.

O ex-delegado Palacios possui fama controvertida, já que é suspeito de ter escondido provas sobre o atentado da AMIA em 1994. No ataque terrorista morreram 85 pessoas. Outras 300 foram feridas ou mutiladas.

Em julho de 2009 Palacios foi designado chefe da nova polícia metropolitana criada por Macri. Mas, um mês e meio depois, perante a forte reação da comunidade judaica argentina, Palacios teve que deixar o posto.

Desde o primeiro semestre de 2010 Macri está à beira do julgamento político e do risco de impeachment.

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Na mesma época a vida de Macri ficou também complicada por outro confuso episódio, envolvendo seu ex-cunhado, Néstor Leonardo, parapsicólogo de profissão. O ex-esposo da irmã de Macri acusou o prefeito de ordenar o grampo seus telefones. No dia seguinte, o ex-cunhado foi alvo de uma misteriosa tentativa de assalto. O advogado de Leonardo explicou de forma peculiar: "foi uma tentativa de 80% de assassinato".

O ano 2010 não foi bolinho para o prefeito. Representante dos setores conservadores portenhos, Macri optou por dar um respaldo light à lei que autorizava casamento entre pessoas do mesmo sexo. A decisão de apoio - embora cautelosa - provocou uma forte reação negativa da cúpula da Igreja Católica.

De quebra, de agosto a novembro desse ano a cidade foi abalada por manifestações de estudantes que ocupam mais de trinta escolas e faculdades para protestar pelo péssimo estado dos edifícios dos estabelecimentos escolares. Os protestos incluíram uma manifestação de 40 mil jovens que marcharam no centro portenho para protestar contra Macri e a presidente Cristina Kirchner.

No meio de crises Macri reage com viagens. Assim ocorreu com o surgimento do risco de julgamento político, quando optou por esquiar na Cordilheira dos Andes. Enquanto os estudantes ocupavam estabelecimentos educativos, o prefeito partiu rumo à Roma.

MORTES - Em dezembro a cidade foi abalada pela ocupação do Parque Indo-americano, no extremo sudoeste de Buenos Aires, por parte de pessoas sem-teto, além de outras provenientes de favelas da região. Macri tentou remover os ocupantes com sua recém-inaugurada polícia metropolitana e a polícia federal. A manobra terminou em pancadaria transmitida ao vivo pela TV para todo o país.

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Nos dias seguintes a situação complicou-se com a morte de vários imigrantes bolivianos e paraguaios durante os incidentes. Os imigrantes foram mortos pelas forças de segurança federal e municipal, fato que causou perda de imagem para ambos governos. Além disso, os moradores do bairro vizinho ao parque, Villa Soldati, reagiram com fúria à presença dos imigrantes e espancaram centenas deles. Desta forma, durante uma semana, o canto sudoeste de Buenos Aires, preterido sempre pelos governos local e nacional, foi o cenário de batalhas campais entre civis.

Macri teve que implorar ajuda à presidente Cristina Kirchner, que após um período prolongado, finalmente concordou em enviar as tropas da Gendarmería ao lugar dos incidentes.

 O zanzibariano (ou zanzibariense?) Farrokh Bulsara, aliás o barítono Freddie Mercury (1946 - 1991), é o ídolo musical do prefeito portenho Maurício Macri.

QUEEN E BIGODE - Macri tampouco escapa dos vexames públicos. Em novembro, durante sua festa de casamento com a elegante empresária do setor de moda Juliana Awada, o prefeito subiu no palco do salão de festas e - vestido com a capa de Freddie Mercury - fez um cover do defunto líder do Queen (Macri, fanático declarado do Queen celebrou vários highlights de sua vida - entre as quais vitórias eleitorais - pulando e cantando como Mercury).

No entanto, a imitação do autor de hits como "We are the champions" foi interrompida inesperadamente quando - com o suor - o bigode postiço que ostentava para emular o defunto cantor deslizou sobre seu lábio superior e rapidamente foi parar em sua garganta interrompendo sua interpretação de "Love of my life".

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Macri quase morreu ao engolir e engasgar com o bigode postiço, tornando-se o primeiro político argentino a passar por uma situação de tal categoria.

Entre os convidados do casamento correu o irônico comentário: "foi o espírito de Freddie Mercury que fez isso, para que Maurício não cante mais!".

À esquerda, Macri imita Freddie Mercury...enquanto que à direita um imitador imita Macri fazendo a imitação de Mercury. A cena transcorreu em 2009 em "Gran Cuñado", uma paródia do programa "Gran Hermano" (Big Brother).  

Macri (não no casamento, mas sim na festa de seus 50 anos) entoa um dos hits do líder do Queen. O vídeo, aqui.

 

Em 2009 "Os Hermanos" recebeu o prêmio de melhor blog do Estadão (prêmio compartilhado com o blogueiro Gustavo Chacra).

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