A presidente C.E.F.deK. sofre uma queda de sua popularidade.
Segundo a pesquisa, 45% dos entrevistados consideram que suas situações econômicas pessoais estarão "pior" nos próximos meses, enquanto que 39,7% afirmam que serão "iguais". Apenas 13,5% dos pesquisados acreditam que o futuro será "melhor".
As recentes medidas de restrição sobre o dólar também geraram irritação na população, acostumada a guardar suas economias na moeda americana há cinco décadas. Segundo a pesquisa, 59,8% dos argentinos discordam das medidas de controle do governo.
A pesquisa também indica que a movimentação dos setores ultra-kirchneristas para modificar a constituição nacional, de forma a permitir uma eventual segunda reeleição de Cristina em 2015, é rejeitada por 61% dos argentinos.
A crescente insatisfação, especialmente na classe média, ficou evidente com os panelaços que milhares de argentinos realizaram nas últimas duas semanas na cidade de Buenos Aires. Para esta quinta-feira espera-se um novo panelaço convocado pelas redes sociais. A irritação também cresce nas províncias do interior do país, onde os governadores, sem verbas federais, estão paralisando as obras públicas. Os governos provinciais também enfrentam crescentes problemas para pagar o funcionalismo público e seus fornecedores.
Neste cenário de incertezas econômicas mundiais e de queda de popularidade acelerada, nos últimos dias especulações no âmbito político indicaram que o governo avalia antecipar as eleições parlamentares do ano que vem de outubro para março (em 2009, apertado pela crise internacional, o governo Kirchner havia antecipado as eleições parlamentares de outubro para junho).
RECESSÃO
A Universidade Di Tella anunciou que a economia argentina entrará em estado de recessão no segundo semestre deste ano. O Centro de Investigação de Finanças (CIF) dessa universidade, que elabora o "Índice Líder" (índice que tenta antecipar as mudanças do ciclo da economia) afirmou que "a probabilidade de entrar em recessão é de 98%, superando pela primeira vez o limite de 95% registrado em fevereiro de 2009", época em que o país teve um período recessivo provocado pela crise mundial daquele ano. Na ocasião, o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), somente reconhecia um "estancamento" da economia mas não admitia a recessão calculada pelos economistas independentes, sindicatos e associações empresariais.
Segundo o diretor do CIF, Guido Sandleris, "historicamente, sempre que o limite de 95% de probabilidades foi superado, o país entrou em recessão dentro do período dos seguintes seis meses".
Em boa parte, esta recessão - afirma a Universidade - seria causada pelas medidas de restrição do governo da presidente Cristina Kirchner na área do câmbio e nas barreiras contra as importações de insumos para a indústria nacional. "Estas medidas provocam uma queda no nível de atividade econômica", sustentou. Além disso, afirmou que também possuem influência no surgimento de uma eventual recessão argentina a crise internacional.
Diversos setores da economia estão registrando um rápido esfriamento da atividade, entre os quais a construção civil.
No início do ano a consultoria Analytica calculava que a economia argentina cresceria 4% neste ano. Mas, atualmente calcula que crescerá 3,4%. O ex-secretário de programação econômica, Miguel Bein, calculava um crescimento de 3,5% do PIB. Mas, as estimativas atuais estão no patamar de 3%. Outras consultorias afirmam que o crescimento será de 2%. O governo Kirchner, no Orçamento Nacional, havia previsto um aumento de 5% em 2012.
Para complicar as contas do governo, a arrecadação tributária em maio pela primeira vez cresceu menos que a inflação. Enquanto a arrecadação subiu 20,4%, a inflação (segundo os cálculos extra-oficiais de economistas independentes e sindicatos), aumentou 24%.
Vários goverrnos provinciais, para tentar fechar suas contas, aprovaram aumentos tributários. No caso da província de Buenos Aires, a aplicação de um "impostaço" agrário, desatou um locaute dos ruralistas. Na segunda-feira as associações de agricultores decidiram ampliar para todo o país o protesto originalmente restrito ao território bonaerense.
As incertezas sobre a economia argentina fizeram a taxa de risco do país disparar nas últimas duas semanas, passando de 1.225 pontos básicos para 1.525.
AUTOMÓVEIS
A Renault, instalada na cidade de Santa Isabel, na província de Córdoba, suspendeu durante dois dias 2 mil operários na semana passada. O motivo da suspensão foi a queda das vendas de automóveis para o Brasil, cujo mercado, desde o início do ano, importou 30,6% a menos veículos Made in Argentina. A empresa, que acumulou um estoque de veículos por causa da queda, não descarta que ocorra um panorama similar nos próximos meses. Desta forma, as suspensões poderiam ser repetidas em julho e agosto.
A empresa paralisará sua fábrica, mas pagará 75% dos salários de seus operários suspensos, segundo comunicou o sindicato do setor em Córdoba.
Segundo a Associação de Fabricantes de Automóveis da Argentina (Adefa), a produção automotiva argentina despencou 24,4% em maio em comparação com o mesmo mês de 2011. As vendas para o mercado interno caíram 15%, enquanto que as exportações automotivas argentinas para todo o mundo desabaram em 45%.
Do total produzido em maio - 60.206 unidades - foram exportados 28.650 veículos.
O setor calcula que será impossível alcançar a meta de produção de 900 mil unidades em 2012.
Máximo Kirchner, o filho da presidente Cristina Kirchner.
FILHO INTERNADO - Máximo Kirchner, primogênito da presidente Cristina Kirchner, foi levado às pressas no avião presidencial Tango 01 na segunda-feira de madrugada desde Rio Gallegos, no extremo sul da Patagônia, à Buenos Aires, onde foi internado no Hospital Austral, da Opus Dei. Nesse mesmo estabelecimento a presidente Cristina esteve internada em janeiro por seu "não-câncer".
Máximo, que formalmente é o líder de "La Cámpora" - denominação da juventude kirchnerista - foi internado por uma "atrite séptica do joelho".

Em 2009 "Os Hermanos" recebeu o prêmio de melhor blog do Estadão (prêmio compartilhado com o blogueiro Gustavo Chacra).




