BUENOS AIRES - A organização humanitária argentina Avós da Praça de Maio anunciou nesta terça-feira, 9, que conseguiu recuperar a identidade da 129ª neta sequestrada durante a última ditadura (1976-1983) na Argentina, uma residente na Espanha.
Segundo a organização, a vítima é uma mulher cujo pai, Carlos Alberto Solsona, sobreviveu ao terrorismo praticado pelos militares.
"Ela poderá conhecer seu pai e seus irmãos. Há duas semanas a nova neta entrou no país, se apresentou à Justiça e aceitou fazer a análise (genética)", disse em entrevista coletiva a presidenta das Avós, Estela de Carlotto.
A mulher nasceu em 1977. Sua mãe, Norma Síntora, foi sequestrada quando estava no oitavo mês de gravidez. Ela era procurada até agora por seu pai e seus irmãos, segundo Carlotto. Síntora continua desaparecida.
As Avós não deram mais detalhes sobre a neta, em virtude da reserva com que lidam com os processos de restituição de filhos de desaparecidos a suas famílias biológicas.
Busca
As Avós da Praça de Maio formam, desde 1977, uma organização para buscar netos e filhos desaparecidos na ditadura, sequestrados pelo regime militar e entregues a outras famílias.
A associação calcula que cerca de 500 bebês foram sequestrados pela ditadura. Além disso, mais de 30 mil pessoas desapareceram durante o regime militar na Argentina, segundo dados de organizações de direitos humanos.
Na década de 80, as Avós da Praça de Maio criaram um banco de dados para armazenar informações genéticas e garantir a identificação de seus netos. Foi só em 1987 que o Congresso criou por lei o Banco Nacional de Dados Genéticos, usado para identificar as meninas e meninos sequestrados pela ditadura.
O órgão reúne amostras genéticas dos parentes que buscam crianças que desapareceram por ação do governo e de todas as pessoas que são filhas de desaparecidos.
A última vez que as Avós da Praça de Maio anunciaram a identificação de um bebê sequestrado foi em agosto do ano passado. Marcos, o 128º neto, era filho de Rosario del Carmen Ramos, que desapareceu no início de 1976. / AFP e EFE