WASHINGTON - O ex-vice-presidente dos Estados Unidos Joe Biden teve mais uma terça-feira de vitórias na campanha pela nomeação do partido democrata para disputar a Casa Branca contra Donald Trump. Biden ganhou do senador Bernie Sanders na Flórida, em Illinois e no Arizona, segundo projeções divulgadas nesta noite.
Na Flórida, o maior prêmio da noite, Biden abriu quase 40 pontos de vantagem sobre Sanders, com 62% dos votos. O resultado já era esperado. Em 2016, Hillary Clinton também saiu bem na frente do senador nas primárias do Estado. Em Illinois, a abertura de Biden teve 59% dos votos e Sanders, 36%.No Arizona, quando as urnas abriram e começaram a ser apuradas o ex-vice-presidente tinha 43% dos votos.
As três prévias podem sepultar a campanha de Sanders, com a consolidação do ex-vice de Obama na dianteira da nomeação democrata. O senador vem perdendo fôlego semana a semana desde que Biden ganhou as primárias na Carolina do Sul e, na sequência, na maior parte dos Estados que votaram durante a Super Terça.
O ex-vice-presidente conseguiu unir em torno do seu nome o establishment do partido, em uma resistência explícita da ala tradicional democrata à ascensão de Sanders, um senador independente. A partir daí, Biden ganhou em Estados-pêndulo cruciais para a ambição democrata de derrotar Trump em novembro, como Michigan e Carolina do Norte.
Com 219 delegados, a Flórida é o quarto Estado com mais peso na escolha democrata,perdendo apenas para Califórnia, Texas e Nova York. É também um Estado-pêndulo, que pode oscilar entre votos republicanos e democratas nas eleições presidenciais e, por isso, um campo de batalha para os dois partidos. Desde 1996, o candidato que vence na Flórida ganha também a eleição nacional para presidente.
Sanders sabia que teria no Estado a resistência de eleitores que não simpatizam com seu rótulo de socialista democrático. A Flórida concentra grande parte da comunidade de cubanos que vive nos EUA e, mais recentemente, de venezuelanos que abandonaram o país comandado por Nicolás Maduro.
As prévias desta terça-feira, 18, também marcaram um momento sem precedentes: eleitores foram às urnas em meio ao fechamento de escolas, universidades, restaurantes e lojas em grande parte das cidades americanas por causa da disseminação do coronavírus. Ohio, que deveria realizar a votação no mesmo dia, decidiu adiar as prévias partidárias em razão das medidas de distanciamento social adotadas para tentar conter o avanço do vírus.
Em Chicago, no Estado de Illinois, os procedimentos adotados por autoridades locais para evitar aglomerações nas zonas de votação tornaram o procedimento mais lento. Eleitores esperavam até 2 horas e meia em longas filas para registrar o voto.
Americanos não sabem se e quando as prévias presenciais serão retomadas, já que ao menos quatro Estados anunciaram a suspensão da votação: Georgia, Maryland, Louisiana e Kentucky.
O presidente nacional do partido democrata, Tom Perez, pediu que os demais Estados que ainda têm primárias pela frente usem métodos remotos de votação. O primeiro caso de coronavírus nos Estados Unidos foi registrado no final de janeiro. Desde então, 105 pessoas morreram e mais de 5,5 mil pessoas foram infectadas pelo vírus em todos os 50 Estados do país e no Distrito de Columbia.
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