Bispo polonês renuncia após escândalo de suposta orgia em diocese

Clérigo que abdicou do cargo não foi acusado de participar da suposta orgia, mas é responsabilizado pelo comportamento dos padres; um dos religiosos foi afastado

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Por Andrew Higgins

THE NEW YORK TIMES - Um bispo polonês cuja diocese teve a imagem gravemente afetada por denúncias de uma orgia gay envolvendo padres e um gigolô renunciou na terça-feira, 25, o episódio mais recente de uma longa série de escândalos sexuais e financeiros na Igreja Católica Romana da Polônia.

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Grzegorz Kaszak, bispo de Sosnowiec, no sudoeste de Polônia, anunciou sua saída depois que um de seus padres foi colocado sob investigação criminal em conexão com relatos no mês passado de que ele tinha organizado uma orgia durante a qual um garoto de programa perdeu sua consciência devido a uma overdose de pílulas para disfunção erétil.

Gazeta Wyborcza, um jornal liberal local, denunciou em setembro de que um dos padres presentes na reunião, realizada em um edifício que pertence à paróquia de Bem-Aventurada Virgem Maria dos Anjos, na cidade de Dabrowa Gornicza, havia chamado uma ambulância. Outros presentes na festa inicialmente impediram que os paramédicos atendessem o homem inconsciente, informou o jornal, mas os paramédicos chamaram a polícia e os padres cederam.

O padre que organizou a festa em seu apartamento na igreja, identificado pela diocese apenas como padre Tomasz Z, deu uma declaração no mês passado para à imprensa polonesa que contestava detalhes do que havia acontecido, discutindo sobre o número de padres presentes no momento da suposta orgia e dizendo que “vale a pena ler qual é a definição de orgia”.

Grzegorz Kaszak não foi acusado de participar da suposta orgia, mas é responsabilizado pelo comportamento dos padres. Foto: Agencja Wyborcza.pl/Grzegorz Celejewski via REUTERS

Ele rejeitou o alvoroço sobre os acontecimentos no seu apartamento como “um ataque óbvio à igreja, incluindo o clero e os crentes”, e afirmou que ninguém teria criado alarde se “algo semelhante tivesse acontecido” a uma pessoa fora do clero.

A diocese, em comunicado divulgado no mês passado, disse que a “participação” de Tomasz no que ocorreu na noite de 30 para 31 de agosto “não está em dúvida”. A unidade ainda afirmou que ele foi impedido de celebrar a missa, destituído de todas as outras funções e “enviado para viver fora da paróquia”.

Anunciando que a igreja havia escalado uma comissão para investigar “o evento escandaloso” repercutido pela imprensa, a diocese pediu à mídia que tivesse em mente que “quase todos” padres da paróquia eram bons, ao relatar que após o acontecido eles “se tornaram vítimas deste crime deplorável”.

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Kaszak anunciou sua saída na terça-feira em uma mensagem publicada no site da diocese, sem dar motivos. O Vaticano disse, também na terça-feira, que havia aceitado a resignação do bispo e da mesma forma não deu nenhuma explicação.

Vaticano disse que aceitou a resignação do bispo, sem dar mais explicações.  Foto: EFE/EPA/MAURIZIO BRAMBATTI

O bispo que está de saída não foi acusado de participar da suposta orgia, mas é responsabilizado pelo comportamento dos padres na sua diocese. “Peço a todos que perdoem minhas limitações humanas”, escreveu ele em sua mensagem de despedida. “Se ofendi alguém ou negligenciei alguma coisa, sinto muito.”

A renúncia veio menos de um mês depois após a Igreja Católica Polaca, em um extenso relatório interno, ter alertado que os padres precisavam se controlar em relação a “crimes de abuso sexual de menores por parte de alguns clérigos” e outros maus comportamentos.

Há muito tempo vista como um reduto católico que, em contraste com a Irlanda e a Espanha, conseguiu conter uma onda de secularização que varreu a maior parte da Europa, a Polônia assistiu ao longo da última década a um declínio acentuado na frequência à igreja, embora a maioria ainda se declare cristãos. As matrículas em seminários também caíram, forçando vários deles a fecharem.

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Lamentando que um processo anteriormente referido pelos especialistas como “secularização insidiosa” estivesse agora “galope”, o relatório da Igreja advertiu que “a Igreja na Polônia está entrando numa ‘reviravolta’ bastante perigosa na sua história. Muito depende de como será capaz de derrotar isso”.

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