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Blair assume posto de chefe de guerra

Por Agencia Estado
Atualização:

Tony Blair fala alto na Europa o que só se murmura em Washington. Ele surge, no plano internacional, principalmente no continente europeu, como um chefe de guerra e da diplomacia fazendo com que outros atores continentais, como Jacques Chirac, Gehard Schroder, Lionel Jospin representem papel secundário na crise atual. Blair está ocupando cada vez mais o espaço político explicando a guerra no Parlamento e , ao mesmo tempo, desenvolvendo uma intensa atividade na coordenação da coalizão ocidental. Sem perder tempo procura também garantir o apoio da Rússia, do Paquistão e dos estados árabes moderados. Na Europa, não é o presidente George W. Bush , mas sim Tony Blair quem se consolida como o principal dirigente na luta contra o terrorismo internacional, como se eles tivessem dividido tarefas. Enquanto a Casa Branca mostra-se prudente em relação a seus objetivos de guerra, evitando torna-los públicos, o primeiro ministro britânico explica a seu partido e aos parlamentares britânicos a principal meta principal dessa operação, a derrubada do governo Taleban e neutralização de Osama bin Laden . Tudo isso, exibindo as provas de seu envolvimento e lembrando que o "Dia D" se aproxima. A Blair cabe ainda a preparação da opinião pública européia e a coordenação dos apoios políticos e diplomáticos. Já Bush concentra seus esforços mais no plano interno, militar e político, preocupando-se com a opinião pública dos EUA, ainda estado de choque. Outros aliados estão ofuscados Tanto a França como a Alemanha estão bem mais retraídas, preocupadas com as repercussões econômicas da crise e com a possibilidade do terrorismo atingir seu próprio território. No caso de Paris, o temor de uma guerra bacteriológica, depois da explosão da usina AZF de Toulouse ( até hoje não se sabe se foi acidente ou atentado). O primeiro ministro Lionel Jospin decidiu revelar o plano Biotox, mas sua presença no plano internacional tem sido quase nula, o que poderá ter consequências na campanha presidencial. Já Chirac esforça-se em mostrar sua solidariedade incondicional aos americanos, mas sabe que seu próprio partido gaullista, o RPR, hesita e não parece disposto a assinar nenhum cheque em branco aos EUA. Moisés moderno Ao discursar aos militantes trabalhistas em Brigton, no inicio da semana, Tony Blair mostrou que é também um visionário, explicando o que deveria ser a nova ordem mundial, um universo democrático, pacificado, preocupado com o meio ambiente e a miséria do mundo. Ao mesmo tempo, definiu o que deveria ser a resposta militar a ofensiva terrorista. Imediatamente os jornais, de esquerda e direita, reagiram. O conservador Daily Mail decidiu compara-lo a Churchill e o jornal de centro esquerda, The Guardian, optou pelo moralizador vitoriano, William Gladstone. Mais ousado e com uma dose de ironia o Financial Times imaginou que Moisés com barba raspada e vestido com um costume bem moderno corresponderia a um sósia de Tony Blair. Todos têm insistido em destacar o papel que está assumindo o chefe do governo britânico nessa crise, a determinação e obstinação de um chefe de guerra, mas também a moderação de um líder político internacional. Para o ministro do Exterior britânico, Jack Straw , ele é o verdadeiro responsável pela construção da coalizão que permitirá aos Estados Unidos agir com as mãos livres, deixando as instituições internacionais, OTAN e ONU, semi marginalizadas durante o processo de preparação da resposta norte americana. Nessa crise, o papel político da Europa tem sido mais limitado do que na guerra dos balcãs e do golfo, e sua participação só pode ser identificada graças à gesticulação de Tony Blair. Por enquanto, Blair permanece imperial e os que criticam sua postura autocrática nada podem fazer contra esse excepcional "agente de relações públicas" que governa país apoiando-se numa vitória esmagadora obtida contra os conservadores. Enquanto isso, seus colegas e vizinhos, Jospin e o alemão Schroder terão meses muito difíceis pela frente na perspectiva das eleições de 2.002 , presidenciais na França e legislativas na Alemanha.

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