Bombas explodem na véspera dos 30 anos do golpe na Argentina

Manifestações levam milhares de pessoas às ruas da Argentina para celebrar o final da ditadura militar

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Por Agencia Estado
Atualização:

Duas bombas caseiras explodiram na última quinta-feira, sem deixar vítimas em frente a diferentes concessionárias de automóveis em Buenos Aires, um dia antes dos 30 anos do golpe de Estado que instaurou a última ditadura militar (1976-1983) na Argentina. As explosões não deixaram feridos, mas causaram danos materiais em estabelecimentos da empresa americana Ford e da alemã Mercedes Benz, onde foram encontrados panfletos do até então desconhecido "Comando Rodolfo Walsh", disseram fontes policiais. O jornalista e escritor Rofolfo Walsh, cujo nome é usado pelo grupo que teria colocado as bombas, está desaparecido desde 25 de março de 1977, quando foi seqüestrado por paramilitares depois de publicar uma "carta aberta" denunciando as "atrocidades" da ditadura, por ocasião do primeiro aniversário do golpe. "Que o poder econômico da ditadura pague. Empresas como a Ford e a Mercedes Benz foram sócias da ditadura, cúmplices do desaparecimento de trabalhadores. Trinta anos depois, continuam desfrutando de total impunidade", afirma o texto dos panfletos. As estatísticas oficiais indicam que cerca de 18.000 pessoas desapareceram entre 1976 e 1983, mas órgãos de direitos humanos elevam esse número para 30.000. Mães de força A associação "Mães da Praça de Maio", conhecida internacionalmente por sua persistente luta pela punição dos responsáveis pelo desaparecimento de 3.600 civis durante os sete anos de duração do regime, realizou uma manifestação, dentre várias que aconteceram, na madrugada desta sexta-feira. Na mobilização foi mostrado um vídeo de 40 minutos chamado "30 años venciendo a la muerte", um documentário que mostra os principais acontecimentos que marcaram a vida destas mães que perderam seus filhos durante a ditadura argentina. Figuras políticas também compareceram à manifestação e se mostraram solidários para com o sofrimento destas mulheres. Um destes políticos que compareceram foi a ministra da Defesa, Nilda Garré, que prometeu que 400 nomes de juízes que colaboraram com a ditadura serão revelados, e estes levados à Justiça. A manifestação também contou com um discurso emocionado da dirigente da "Mães da Praça de Maio", Hebe de Bonafini, condenando a falta de ajuda governamental para que os responsáveis pelos desaparecimentos sejam responsabilizados e condenados justamente. Com EFE

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