O Iraque deve desarmar-se totalmente para evitar uma guerra, disse o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, ao pedir que a Organização das Nações Unidas (ONU) "honre sua palavra" e apóie a ação militar norte-americana contra Saddam Hussein. Em meio à disputa diplomática em torno de uma proposta de resolução conjunta apresentada por EUA, Grã-Bretanha e Espanha para declarar que Saddam perdeu sua chance de se desarmar pacificamente, Bush afirmou que seria de grande valia se a medida fosse aprovada, mas disse não acreditar na "necessidade de uma segunda resolução". Enquanto isso, o Departamento de Estado dos EUA recusava-se a divulgar quanto de apoio concreto existe para uma nova resolução. O porta-voz da chancelaria norte-americana, Philip Reeker, acusou o Iraque de ter revelado somente "migalhas das grandes quantidades de armas escondidas" e de rejeitar o desarmamento. Numa breve conversa com jornalistas, Bush foi questionado sobre o que seria necessário para evitar a guerra. "Desarmamento completo", respondeu. Atendendo a pedidos para estender sua resposta, disse: "Bem, há apenas uma coisa: ela é desarmamento total. Foi pedido ao homem que se desarmasse. Pelo bem da paz, ele deveria desarmar-se totalmente". Ele acredita que Saddam "tentará enganar o mundo mais uma vez" e revelará a existência de armas que negara possuir anteriormente. "Esperamos que o Conselho de Segurança (CS) honre sua palavra e insista no desarmamento de Saddam. Agora é a hora", disse Bush após uma reunião com sua equipe econômica. Bush calcula que conseguirá o apoio da ONU para um ataque ao Iraque após a apresentação do próximo relatório dos inspetores de armas, quando pretende convencer o CS de que a força é a única forma de desarmar Saddam Hussein. Um relatório deverá ser entregue no sábado, mas os chefes dos inspetores de armas da ONU, Hans Blix e Mohamed el-Baradei, não deverão comparecer perante o CS para responder a questões pelo menos até 7 de março. Os Estados Unidos e seus aliados - Grã-Bretanha e Espanha - querem uma votação logo após a apresentação do relatório. Antes de o presidente conversar com os jornalistas, o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, comentou que ainda havia "uma pequena chance" de que a pressão internacional obrigasse o Iraque a se desarmar e evitar uma guerra. "Ainda há uma saída", disse o secretário de Imprensa da Casa Branca. "A saída existirá ou não de acordo com as ações de Saddam Hussein." Fleischer disse ainda que a descoberta de uma bomba capaz de carregar produtos químicos, conforme alegado numa carta a Blix, "é o cerne do problema com o Iraque, pois de repente começarão a aparecer armas" que antes eles diziam não ter. E acrescentou: "Os inspetores das Nações Unidas, quando deixaram o país, disseram que havia cerca de 400 armas que haviam sumido. Agora encontramos uma. Onde estão as outras 399? Por quanto tempo Saddam Hussein quer escondê-las?" Mais tarde, Bush negou-se a especificar quais sacrifícios serão impostos aos soldados norte-americanos, seus familiares e ao público em geral no caso de os EUA irem à guerra, limitando-se a afirmar que os soldados serão colocados numa situação perigosa contra o que ele qualificou como um "ditador brutal". Questionado sobre os custos da guerra, Bush não forneceu nenhum número. Disse apenas acreditar que não fazer nada representa um risco "muito maior".