Calibre de armas à venda é debatido após massacre em Las Vegas
Parte da população condena acesso a fuzis semiautomáticos, mas considera inútil qualquer tentativa de restringir compras
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Por Cláudia Trevisan e Las Vegas
Atualização:
Fuzis semiautomáticos chegaram a ser proibidos nos EUA de 1994 a 2004, mas hoje são vendidos quase sem restrições. Os críticos da situação atual ressaltam que o comércio de armas é menos regulado que o de bebidas, cigarros e carros. Motoristas são obrigados a passar por uma habilitação e renová-la periodicamente, o que não ocorre com os donos de armas.
Mickey Deweesa é um representante típico da parcela de americanos que se opõe a regras mais rigorosas sobre a compra e porte de armas. “As drogas são ilegais e isso não impede que as pessoas as utilizem”, afirmou ontem, enquanto esperava para doar sangue às vítimas do massacre de domingo em Las Vegas. A poucas cadeiras de distância, Bianca Balderas defendia a regulação do setor e a proibição de venda de rifles semiautomáticos, os preferidos pelos autores de ataques do tipo nos EUA.
Defensor do acesso às armas, o presidente Donald Trump falou ontem pela primeira vez sobre um dos temas que mais dividem a sociedade americana e voltou à tona depois que o aposentado Stephen Paddock matou 59 pessoas e feriu 527 no domingo. “Nós vamos falar de leis sobre armas com o tempo”, declarou o presidente em Washington. “Nós vamos falar sobre isso mais tarde.”
Para os que defendem regras mais rigorosas, o momento para essa discussão é agora. “Sempre acreditei que o porte de armas deveria ser estritamente regulado. Seus proprietários deveriam ter que renovar registros de maneira periódica, de preferência todos os anos”, afirmou Balderas, que trabalha em um dos cassinos de Las Vegas. Em sua opinião, a legislação deveria estabelecer um número máximo de armas que cada cidadão pode ter e proibir a comercialização de certos tipos, cujo uso deveria ser restrito às Forças Armadas.
As vítimas do ataque a tiros em Las Vegas
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As vítimas do ataque a tiros em Las Vegas
No domingo 1.º,Stephen Paddockabriu fogocontra uma multidão que assistia a um festival de música country, matando 59 pessoas e ferindo mais de 500. Ve... Foto: Social media/Handout via REUTERSMais
Adrian Murfitt, 35 anos
Murfitt se juntou a dois amigos de infância para ir ao show de música country, exatamente como tinha feito no ano anterior, segundo sua irmã, Shannon ... Foto: Courtesy of Avonna Murfit via APMais
Sonny Melton, 29 anos
Quando ele e sua mulher, Heather Gulish Melton, ouviram o barulho dos tiros, começaram a correr. “Eu senti ele sendo baleado nas costas”, afirmou ela.... Foto: Facebook via APMais
Jessica Klymchuk, 28 anos
Jessica era canadense e visitava Las Vegas com o namorado. Ela trabalhava na biblioteca de uma escola, era motorista de ônibus e mãe de quatro filhos Foto: Social media/Handout via REUTERS
Rachael Parker, 33 anos
A técnica de registros policiais foi baleada durante o show, mas morreu mais tarde no hospital, segundo o Departamento de Polícia local. Ela estava fo... Foto: Manhattan Beach Police Department via APMais
Sandy Casey, 35 anos
A professora de Vermont estava com um grupo de funcionários de uma escola quando foi baleada. Os colegas não foram feridos. O noivo de Sandy, Chris Wi... Foto: Facebook via APMais
Quinton Robbins, 20 anos
Robbins trabalhava como assistente de recreação na cidade de Henderson, em Nevada, segundo sua tia, Kilee Wells Sanders. “Todos que o conheciam o amav... Foto: Facebook via APMais
Angie Gomez, 20 anos
Angie recebeu três tiros, segundo Tyler Smith, um amigo da família, sendo um no ombro e dois no braço. O namorado dela tentou carregá-la pelo local do... Foto: Facebook via APMais
Charleston Hartfield, 34 anos
Oficial de polícia de Las Vegas, Hartfield era casado, tinha dois filhos e era treinador de futebol, segundo família e amigos. Ele havia mudado a foto... Foto: Sgt. Walter Lowell/U.S. Army National Guard via APMais
Bailey Schweitzer, 20 anos
Ela dirigiu até Las Vegas para passar o fim de semana e quis ficar até o último show, uma apresentação de Jason Aldean Foto: Facebook via AP
Jordan McIldoon, 23 anos
Segundo a família, o mecânico Jordan McIldoon estava prestes a começar a faculdade de administração. Ele estava em Las Vegas com anamorada Foto: Social media/Handout via REUTERS
Melissa Ramirez, 26 anos
Ela estava esperando ansiosamente pelo festival de música country desde março e queria muito ver Jason Aldean. Ao lado de alguns amigos, Melissa fez u... Foto: Social media/Handout via REUTERSMais
Jack Beaton, 54 anos
Beaton e sua mulher estavam celebrando seu 23.º aniversário de casamento. Ao ouvir os tiros, ele disse à companheira para se abaixar, deitou por cima ... Foto: Social media/Handout via REUTERSMais
Christopher Roybal, 28 anos
Debby Allen e o filho iam ver juntos o show de Jason Aldean, mas ela acabou dormindo depois de passar o dia na piscina. Quando acordou, ligou para o f... Foto: Social media/Handout via REUTERSMais
Deweesa vive no Kentucky, um dos Estados do Meio-Oeste americano no qual é a oposição a qualquer restrição é forte. “Eu sou dono de várias armas, mas nunca faria isso”, disse, referindo-se ao ataque. “Eu não tenho rifles semiautomáticos e até concordaria em proibi-los, mas se alguém quisesse, conseguiria comprá-los de maneira ilegal”, justificou. “A heroína é ilegal, mas as pessoas se viciam.”
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Apesar das declarações de Trump, representantes do Partido Republicano no Congresso deixaram claro ontem que não pretendem analisar a regulamentação do setor. “Eu acho que é prematuro discutir soluções legislativas, se é que há alguma”, declarou o líder da legenda no Senado, Mitch McConnell.
A Associação Nacional do Rifle (NRA na sigla em inglês) é um dos mais poderosos lobbies dos EUA e uma das principais fontes de financiamento de campanhas republicanas. A entidade conseguiu bloquear todas as tentativas recentes de regular o setor, entre as quais estavam propostas que tornavam mais rigorosas as checagens de antecedentes e de sanidade mental ou que limitavam o número de balas em cada cartucho de munição de rifles semiautomáticos. A cada ataque de tiros, os republicanos acusam os opositores democratas de “politizarem” a tragédia com a sugestão de restrições ao setor.