Dissolver corpos em ácido para desaparecer completamente com os rastros de vítimas é uma prática comum dos cartéis de drogas mexicanos. Chamado de “guisado”, o método foi inventado no começo dos anos 2000 pelos Zetas, um dos cartéis mais temidos do México.
+ Rapper mexicano confessa ter dissolvido corpos de estudantes em ácido
Nos últimos anos, os cartéis terceirizaram o serviço. Em vez de deixar seus próprios integrantes responsáveis pela dissolução, eles pagam algumas centenas de dólares para aspirantes a sicários, os matadores de aluguel mexicanos.
Em 2009, a polícia prendeu o ex-pedreiro Santiago Meza López. Ele confessou ter se desfeito de ao menos 300 cadáveres entregues a ele por um cartel da Baixa Califórnia, que fica próximo à fronteira com os Estados Unidos. Conhecido como “El Pozolero”, uma referência a um prato feito com milho e carne de porco, López desintegrava as vítimas em barris de ácido, soda cáustica e outros produtos químicos. Os restos eram despejados em valas clandestinas.
+ México bate recorde de jornalistas mortos em 2017
A polícia federal do México estima que centenas de corpos sejam dissolvidos pelos cartéis todos os anos. Encontrar vestígios dos desaparecidos é uma tarefa quase impossível. Um dos terceirizados pelo cartel de Sinaloa costumava deixar os corpos no ácido dois dias. Depois, misturava os restos com argamassa e usava o cimento resultante para construir muros. A polícia encontrou mais de 100 muros com restos de DNA.
+ Centenas vão às ruas para exigir investigação sobre morte de estudantes no México
O fim dos três estudantes de cinema mexicanos sequestrados em março foi idêntico. Ontem, a promotoria estadual de Jalisco, no México, afirmou que um conhecido rapper e youtuber mexicano, Christian Omar Palma Gutiérrez, conhecido como QBA, confessou ter desmanchado em ácido os corpos de três estudantes de cinema assassinados, um crime que chocou o México.
+ Facebook é estopim da violência em países onde instituições são frágeis
O rapper admitiu à promotoria estadual que foi o responsável pela dissolução dos corpos. Ele também participou de outros três homicídios. QBA revelou que recebia 3 mil pesos semanais (cerca de US$ 159) para trabalhar para o Cartel Jalisco Nova Geração (CJNG), um dos mais poderosos do México.
O rapper mantinha duas páginas no Facebook, com 90 mil e 50 mil seguidores, e um canal no YouTube com mais de 120 mil inscritos. Suas canções versam sobre violência, armas e drogas. / AFP E REUTERS