Langya: China detecta pela primeira vez casos em humanos de novo vírus

Infectados pelo Langya mantinham contato frequente com animais, e têm sintomas semelhantes aos de uma gripe, aponta estudo

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Por Redação
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PEQUIM - A China detectou pela primeira vez em humanos casos de um novo vírus de origem animal, o Langya henipavirus (LayV). A informação foi veiculada na terça-feira, 9, pela imprensa estatal do país. Um estudo científico revelou 35 casos em humanos em duas províncias chinesas. ,

Os pacientes, nenhum com caso grave, foram registrados em Shandong, no leste chinês, e em Henan, no centro, de acordo com o jornal local Global Times, que cita um artigo publicado por pesquisadores da China e de Cingapura, no New England Journal of Medicine, uma das publicações médicas mais renomadas do mundo.

Nesta foto de arquivo, segurança é visto do lado de fora do mercado de frutos do mar de Huanan, onde o coronavírus foi detectado em Wuhan  Foto: Hector Retamal/AFP 24.01.2020

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Esta é a primeira vez que o vírus é identificado em humanos. O patógeno é da família Henipavirus, que inclui outras duas espécies já identificadas, os vírus Hendra e Nipah. As duas doenças causam quadros graves e ainda não têm tratamento — em geral, os vírus desta família têm taxa de letalidade entre 40% e 75%.

O Nipah foi descoberto em 1999 na Malásia e em Singapura, e foi responsável por 100 mortes em 300 casos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) o incluiu na lista de vírus com potencial pandêmico.

O vírus, para o qual não existe qualquer vacina ou tratamento, foi detectado mediante amostras colhidas da garganta dos infectados, que tinham tido contato recente com animais. Entre os sintomas relatados estão sinais de febre, cansaço, tosse, perda de apetite, dores de cabeça, musculares e náuseas.

De acordo com o jornal chinês, investigações posteriores revelaram que 26 dos 35 pacientes portadores deste Henipavirus desenvolveram esses sintomas clínicos e, alguns casos, também irritabilidade e vômitos.

Segundo o site estatal The Paper, o vírus é uma das principais causas emergentes do salto de doenças animais para humanos (processos denominados como zoonose), na região da Ásia-Pacífico.

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A publicação indica que um dos vetores de transmissão do vírus é o morcego da fruta (pteropodidae), considerados hóspedes naturais dos Henipavirus conhecidos - o Hendra (HeV) e o Nipah (NiV).

Posição da OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que o HeV provoca infecções em humanos que vão de assintomáticas a infecções respiratórias agudas e encefalites graves, com uma taxa de letalidade que vai de 40% a 57%, podendo variar “em função das capacidades locais de investigação epidemiológica e gestão clínica.

Até o momento, de acordo com o Global Times, não foi provado que exista transmissão de pessoa para pessoa, embora relatórios prévios indicarem que a possibilidade para esse tipo de contágio não está descartada.

“O coronavírus não será a última doença contagiosa que provoca uma pandemia, já que novas doenças terão um impacto cada vez maior na vida diária da raça humana”, disse um subdiretor do departamento de Patologias Infecciosas do hospital de Huashan, na China.

Origens do coronavírus

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Estudos publicados na revista científica Science indicaram que o mercado de Wuhan, na China, a partir de atividades associadas ao comércio de animais selvagens, foi o epicentro do aparecimento do SARS-CoV-2 (novo coronavírus).

A busca pelas origens do vírus se tornou uma questão diplomática complicada, cujo efeito foi piorar as relações da China com os Estados Unidos e muitos de seus aliados. Os EUA e outros países dizem que o país asiático não foi transparente sobre o que aconteceu nos primeiros dias da pandemia. Já a China se defende dizendo que a questão está sendo politizada e deveria ser deixada para os cientistas./AFP e EFE

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