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China mobiliza navios de guerra perto de Taiwan em meio de viagem de presidente da ilha aos EUA

Chancelaria chinesa acusou Estados Unidos e Taiwan de conspirar para reforçar suas relações

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Por Redação

PEQUIM - A China mobilizou nesta quinta-feira, 6, navios de guerra e um helicóptero antissubmarino nas águas próximas a Taiwan, após a reunião entre a presidente da ilha, Tsai Ing-wen, e o presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos.Depois de ignorar as advertências de Pequim, a líder taiwanesa se encontrou na quarta-feira em Los Angeles com Kevin McCarthy, durante uma escala em seu retorno da Guatemala e de Belize, dois dos últimos aliados da ilha autogovernada.

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O ministério das Relações Exteriores da China reagiu e prometeu medidas firmes e eficazes para salvaguardar a soberania nacional e a integridade territorial. “Estados Unidos e Taiwan conspiraram para reforçar suas relações, o que mina gravemente a soberania chinesa e envia um mau sinal de apoio aos separatistas taiwaneses”, lamentou Mao Ning, porta-voz da diplomacia chinesa.

O ministério da Defesa de Taiwan anunciou a detecção de três navios de guerra e um helicóptero que atravessaram a zona de identificação de defesa aérea da ilha. “As Forças Armadas monitoraram a situação e acionaram os aviões da patrulha aérea de combate, navios da Marinha e sistemas de mísseis terrestres para responder às atividades”, afirma em comunicado ministerial.

‘Província rebelde’

Embora Taiwan seja governado de maneira autônoma há mais de 70 anos, a China considera a ilha parte de seu território e defende a recuperação de seu controle em algum momento, até mesmopela força se considerar necessário.

Sob o princípio de “uma só China”, a princípio reconhecido pelos Estados Unidos, Pequim se opõe a qualquer relação formal entre os governantes de Taiwan e os de outros países.

Em agosto, depois da visita a Taipé da antecessora de McCarthy na presidência da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, a China mobilizou navios de guerra, aviões de combate e disparou mísseis ao redor da ilha.

Para evitar um episódio similar, McCarthy não viajou a Taiwan e optou pelo encontro na Califórnia que, até o momento, provocou uma resposta de menor intensidade da China.

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Depois da reunião com McCarthy e líderes dos dois partidos americanos na Biblioteca Presidencial Ronald Reagan, em Simi Valley, Tsai agradeceu a recepção nos Estados Unidos. “Sua presença e seu apoio inabalável reafirmam ao povo de Taiwan que não estamos isolados e que não estamos sozinhos”.

“Taiwan agradece por ter os Estados Unidos a seu lado, enquanto enfrenta desafios únicos em nossa era”, acrescentou.

Presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, o republicano Kevin McCarthy, se encontra com a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen Foto: Ringo H.W. Chiu / AP

Fornecimento de de armas

McCarthy, segunda autoridade na linha de sucessão presidencial e nativo da Califórnia, disse que a amizade entre o povo de Taiwan e os Estados Unidos é vital para manter a liberdade econômica, a paz e a estabilidade regional. Os Estados Unidos reconheceram Pequim em 1979, mas são um importante aliado de Taiwan e seu maior fornecedor de armas.

O congressista defendeu o prosseguimento do apoio à ilha. “Sabemos, historicamente, que o melhor é fornecer armas para permitir que as pessoas impeçam a guerra”, disse McCarthy.“É uma lição vital que aprendemos na Ucrânia, que a simples ideia de sanções não irá deter ninguém.”

O novo episódio de tensão acontece no dia da chegada a Taiwan de uma delegação de oito membros do Congresso americano para discutir comércio e segurança.

O apoio à ilha é um dos poucos consensos bipartidários no Congresso americano e, durante o mandato de Tsai, essa relação ganhou força. A democrata Nancy Pelosi elogiou a reunião na Califórnia como “louvável por sua liderança, participação bipartidária e sua distinta e histórica sede”. / AFP

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