BOGOTÁ - O conservador Óscar Iván Zuluaga disse nesta quarta-feira, 8, que vai adiar o anúncio da sua pré-candidatura à Presidência da Colômbia até que sejam esclarecidas as denúncias contra sua campanha de 2014, que teria recebido propina da empreiteira brasileira Odebrecht. Nessa eleição, o ex-senador foi derrotado pelo presidente Juan Manuel Santos, também suspeito de ser beneficiário do esquema da construtora. O próximo pleito no país será em maio de 2018.
"Me reuni com o ex-presidente Álvaro Uribe para comunicá-lo do propósito de adiar minha pré-candidatura até que esteja esclarecido por completo as denúncias sobre a participação da empresa Odebrecht no pagamento dos serviços de Duda Mendonça, assessor de minha campanha presidencial em 2014", escreveu o político em um comunicado.
Ele disse ainda que a campanha dele foi "honrada" e que está à disposição das autoridades competentes para dar conta de todas as suas atuações. "Hoje minha prioridade é a tranquilidade e o bom nome de minha família, acima de toda consideração política", afirmou.
Na semana passada, o Ministério Público colombiano afirmou que tem provas que demonstram que a Odebrecht assumiu os gastos das campanhas de Santos e Zuluaga em 2014.
Segundo essas evidências, a Odebrecht pagou US$ 1,6 milhão ao marqueteiro Duda Mendonça, responsável pela campanha de Zuluaga. Esse valor é correspondente à soma inicialmente prevista dos serviços prestados à coligação "Mão Firme, Coração Grande", de tendência conservadora e contrária ao processo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
O procurador-geral, Nestor Humberto Martínez, disse que a construtora também serviu de "ponte" para levar a cabo a reunião entre dirigentes da campanha de Zuluaga e Duda Mendonça. O encontro foi realizado, de acordo com o Ministério Público colombiano, em meados de fevereiro de 2014 em São Paulo.
Em dezembro, o Departamento de Justiça dos EUA informou que a Odebrecht admitiu ter pago propinas a políticos e funcionários públicos de mais de uma dezena de países. Na Colômbia, o valor dos subornos chega a US$ 11,1 milhões, recebidos entre 2009 e 2014. / EFE