O Reino Unido terá eleições gerais em 12 de dezembro, depois de o Parlamento ter aprovado a antecipação por 438 votos a 20. Entenda por que as eleições foram antecipadas e como isso afeta o Brexit.
Por que Boris Johnson quer uma nova eleição?
A próxima eleição no Reino Unido estava marcada para 2022, mas o Partido Conservador perdeu a maioria no Parlamento e não consegue aprovar seu plano para o Brexit. Além disso, o Parlamento aprovou uma lei que impede que a ruptura com a UE ocorra sem um acordo. Nesse cenário negativo, Johnson aposta numa eleição para ampliar sua maioria parlamentar.
Vai funcionar?
Segundo as pesquisas, Johnson tem dez pontos a mais que os trabalhistas, mas uma aposta similar feita por Thereza May em 2017 deu errado e o partido teve de formar uma coalizão com os unionistas da Irlanda do Norte para obter maioria. Há ainda a probabilidade de nenhum partido conseguir formar governo, o que apenas ampliaria o impasse. Assim, não há garantia de que a eleição resolva o impasse do Brexit.
Por que a oposição concordou em antecipar a eleição se há risco de a bancada conservadora aumentar?
O líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, vinculava uma nova eleição à garantia de que não haveria um Brexit sem acordo, o que foi aprovado pelo Parlamento neste mês. Na segunda-feira, a UE autorizou uma nova prorrogação do Brexit. Politicamente, Corbyn ficou sem opções.
Por que eleições em fim de ano são tão raras no Reino Unido?
Há muitas razões. A proximidade dos feriados de fim de ano é uma delas, já que no país o voto não é obrigatório. Além disso, os locais usados para a votação costumam ser destinados a eventos festivos. E, além disso, há o clima. Os dias são mais curtos, faz muito frio e chove demais no Reino Unido nessa época. Esses fatores podem diminuir a participação eleitoral. A última eleição em dezembro ocorreu em 1923.
Quais serão os principais personagens da eleição?
A eleição deve ter o impacto do Partido do Brexit, de Nigel Farage, que deve roubar alguns defensores mais radicais do Partido Conservador. Nas eleições europeias, em maio, a legenda foi bem. Johnson terá sua primeira eleição para primeiro-ministro, mas já participou das campanhas do Brexit e para a prefeitura de Londres. Jeremy Corbyn liderou o Partido Trabalhista para um bom resultado em 2017 e terá o desafio de repeti-lo, apesar de estar mais à esquerda do que a média do partido. A líder dos liberais-democratas, Jo Swinson, pode surpreender.