Entre 300 mil e 600 mil pessoas estariam à espera de uma oportunidade de cruzar o Mediterrâneo em botes só na Líbia, abalada pela revolução de 2011 contra Muamar Kadafi. "É uma estimativa confirmada pela comissária para Assuntos Internos na Comissão Europeia, Cecilia Malmström", argumentou o ministro do Interior da Itália, Angelino Alfano. "É uma situação cada vez mais gritante."
O aumento do fluxo migratório fez explodir os pedidos de asilo político na Itália em 2013. De acordo com números do Centro Jesuíta Astalli, especializado no socorro a refugiados, 27,8 mil pedidos de refúgio foram protocolados no país no ano passado - 60% mais do que no ano anterior. Na Europa, o aumento foi de 32%, impulsionados em grande parte por sírios em fuga.
Outro problema é que os pedidos de asilo são apenas uma fração dos imigrantes que chegam à Europa. Só na costa italiana, 42,9 mil pessoas desembarcaram em 2013. E o fluxo tende a piorar este ano, a julgar pelo número de socorridos em abril.
Às vésperas das eleições para o Parlamento Europeu, o drama das travessias em barco no Mediterrâneo virou um dos temas centrais de debate e alvo de ataques duros de partidos de extrema direita em países da Europa. "Os cidadãos italianos acabam financiando os traficantes de clandestinos e uma invasão de nossas costas", denunciou, nesta semana, Matteo Salvini, novo líder do partido italiano extremista Liga Norte.