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Deserção do Estado Islâmico em Mossul aumenta, diz coalizão

Líder do grupo terrorista divulga mensagem exortando fiéis a ficar na cidade e combater tropas curdas e xiitas que avançam no terreno

Atualização:

BAGDÁ - Em meio ao avanço de tropas iraquianas apoiadas pelos Estados Unidos contra Mossul, o líder do Estado Islâmico (EI), Abu Bakr al-Baghdadi, convocou nesta quinta-feira, 3, combatentes leais ao grupo a lutar até a morte para defender a cidade. A coalizão que combate os terroristas interpretou a rara mensagem como um sinal de que a cúpula do EI está perdendo o controle sobre suas tropas na região e a deserção aumenta. “Isso é um claro sinal de que sua capacidade de dirigir seus combatentes e de se comunicar com as tropas está severamente reduzida”, declarou em videoconferência o coronel americano John Dorrian, porta-voz da coalizão em Bagdá. “Há sinais de que gente do EI em Mossul já abandona seus postos e tenta fugir e a organização está executando pessoas por isso.”

Refugiados iraquianos deixam mossul em meio a combates entre o EI e tropas iraquianas Foto: Bulent Kilic/ AFP

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Na mensagem, Baghdadi exorta fiéis ao combate. “Não se retirem”, afirma uma voz atribuída à do líder extremista na mensagem publicada pela agência Al-Furqan. “Manter posições com honra é mil vezes mais fácil que se retirar com vergonha.”

O líder do EI lançou esse apelo a todos os habitantes de Nínive - a região onde se encontra Mossul. Baghdadi promete vitória contra a ofensiva lançada em várias frentes pela coalizão, que reúne soldados xiitas e curdo, apoiados pelos bombardeios da coalizão internacional.

“É o tipo de coisa que um chefe diz quando está perdendo o controle” de suas tropas, acrescentou Dorrian.

Menina iraquiana carrega bandeira branca enquanto deixa Mossul Foto: REUTERS/Zohra Bensemra

Califado. Foi em Mossul, em junho de 2014, poucos dias após os extremistas se apoderarem de amplos territórios no Iraque, que Baghdadi fez uma de suas poucas aparições públicas e anunciou a criação de um califado com territórios iraquianos e sírios.

Desde então, o “califa”, não voltou a reaparecer em público e está em paradeiro desconhecido, apesar dos US$ 10 milhões oferecidos pelos Estados Unidos por sua captura. Sua última mensagem de áudio foi divulgada em dezembro de 2015.

Ontem, Baghdadi atacou os xiitas iraquianos, que são maioria no país, e afirmou que no Exército iraquiano os soldados portam bandeiras e lançam slogans glorificando figuras reverenciadas pelo Islã xiita.

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Ele também pediu que seus seguidores ataquem Turquia, país majoritariamente sunita, mas que participa da ofensiva contra Mossul e tem uma base perto desta cidade. “Como a Turquia entrou na zona de suas operações, é preciso atacá-la e se vingar”, afirmou.

Baghdadi ainda requisitou aos extremistas que não possam se dirigir à Síria ou ao Iraque viajar à Líbia, onde o EI está cercado na cidade de Sirte há vários meses.

Milicianas curdas descansam durante avanço de tropas peshmerga a Mossul Foto: REUTERS/Ahmed Jadallah

Ofensiva. Enquanto isso, em Mossul as forças iraquianas se posicionaram na periferia da cidade, depois de ter entrado em um bairro do sudeste.

As forças do Iraque tomaram ontem o controle dos bairros de Kukyeli e Qudis, no leste de Mossul, e se encontram agora perto do distrito de Karama, onde pararam os confrontos com jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI).

O porta-voz das forças antiterroristas iraquianas, Sabah al Numan, disse que o Exército retirava ontem os explosivos na região de Kukyeli, de onde já tirados 70 artefatos. Com a conclusão dessa operação, as forças iraquianas devem seguir para Qudis, onde se prepararão para atacar Karama. / AFP e EFE

Tropas iraquianas disparam míssil terra-terra contra militantes do EI Foto: REUTERS/Alaa Al-Marjani
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