Uma série de ameaças de morte contra o diretor do programa da Organização Mundial de Saúde (OMS) para medicamentos, Germán Velásquez, esta gerando a suspeita de que os responsáveis pelos atos possam estar relacionados com a indústria farmacêutica. Velásquez tem atuado diretamente na questão dos preços dos remédios para os países em desenvolvimento e defende uma postura mais clara da OMS em relação à disputa entre o acesso da população aos remédios e as patentes dos produtos pelas empresas. Os problemas com Velásquez começaram no final de maio no Rio de Janeiro. O diretor sofreu um assalto e acabou sendo ferido. Poucos dias depois, em Miami, voltou a sofrer um ataque e um dos supostos assaltantes teria dito para ele não se envolver com assuntos do setor farmacêutico. De volta a Genebra, uma das cidades mais seguras do mundo, as ameaças não pararam. Velásquez recebeu telefonemas sugerindo que ele não deveria continuar se manifestando sobre o assunto dos preços de remédios. A OMS afirma que não reconhece que o caso tenha qualquer relação com as empresas do setor farmacêutico, pelo menos até que as investigações estejam concluídas. "Nem confirmamos nem negamos o caso. Quem está cuidando disso é a segurança das Nações Unidas ", informou um porta-voz da OMS. Curiosamente, Velásquez está entrando em férias hoje e não voltará a Genebra até o dia 10 de agosto. A OMS, comandada pela ex-primeira ministra da Noruega, Gro Brundtland, está sendo atacada pelos países em desenvolvimento por não se posicionar em relação ao tema dos preços dos remédios para o combate à aids no mundo. "Exatamente quando necessitamos que a organização que cuida sobre o tema se manifeste a favor dos países pobres, a reação é de imobilismo", afirma um diplomata africano.