BOGOTÁ - A votação do plebiscito sobre o acordo de paz em Bogotá começou com baixa participação em razão do frio e da chuva. As urnas foram abertas às 8 horas e o presidente Santos foi um dos primeiros a votar na mesa 1 do centro de votação do Congresso Nacional, na Praça Símon Bolívar.
"Bom dia a todos. Acabo de depositar meu voto nesse plebiscito histórico", afirmou Santos após votar, lembrando que ontem marcava o dia do nascimento de Mahatma Gandhi. "Nós aqui na Colômbia também precisamos adotar essa cultura da não-violência. Gandhi disse que o não ó o caminho até a paz, mas a paz é o caminho. A paz é o caminho para que nossos filhos e netos tenham um país melhor."
Mais tarde, no mesmo local votou o senador opositor e ex-presidente Álvaro Uribe, partidário e principal líder do 'não' ao processo de paz. "Agradecemos às pessoas que estudaram os acordos, que querem a paz, mas dizem não aos textos de Havana". Uribe aguardou o resultado do plebiscito em Medellín.
Os 34,9 milhões de colombianos que estão habilitados a votar devem responder à pergunta "Você apoia o acordo final para o término do conflito e a construção de uma paz estável e duradoura?". Para ser aprovado, o 'sim' precisa do voto de 13% do colégio eleitoral, ou seja, cerca de 4,5 milhões de votos.
No centro de votação de Corferias, o maior da capital colombiana, as pessoas começaram a fazer filas a partir das 9h30 e muitos casais levavam seus filhos e até cachorros para o local. Para chegar ao ponto de votação, as ruas foram fechadas e era preciso passar por uma revista policial.
Enquanto as crianças brincavam ou reclamavam de ter que ficar nas filas, os pais conversavam sobre o atual momento do país. "Estamos perdidos com esse presidente. Ele apenas quis fazer um acordo com as Farc para ter um prêmio, mas isso não é bom", afirmou Julio, enquanto esperava com a filha a mulher votar. Questionado sobre o que seria necessário fazer, ele respondeu: "podemos até renegociar, mas não entregar tudo o que as Farc pedem."
Opinião parecida tem Camilo. "Voto 'não' porque não quero dar garantias a narcotraficantes e criminosos, que não serão enviados para a prisão. Eles fizeram muito mal ao país e não pagarão por isso."
Na começo da tarde, o sol apareceu e o movimento em Corferias aumentou. Enquanto corria com seu guarda-chuva e uma batina branca para não pegar uma fila tão grande, o padre dominicano Rafael disse que votaria 'sim' ao acordo e comemorou o momento histórico. "É um momento transcendental. As pessoas podem sair e dizer o que pensam dos acordos feitos, se aceitam ou não. Se serão implementados é outro assunto, mas hoje é um dia muito importante."
A jovem Andrea Vargas também disse que votaria no 'sim'. "Eu voto 'sim' principalmente porque aqueles que sofreram com a guerrilha a perdoaram, então nós precisamos contribuir e dar uma chance", disse enquanto esperava um amigo para votar.
O voto no plebiscito não é obrigatório e o governo teme que a abstenção seja alta em razão do mal tempo. "Eu voto porque quero uma mudança, mas a maioria dos jovens não vota, é difícil mobilizá-los, ainda mais num dia chuvoso", comentou John, de 25 anos, antes de votar pelo 'sim'.
"É muito importante vir votar. O momento que vivemos é importante, o acordo não solucionará tudo, mas é uma mudança", afirmou a senhora Elga, acompanhada por uma amiga. As duas votaram pelo 'sim'.
Cerca de 300 mil policiais foram mobilizados em todo o país para garantir a segurança da votação.
Na área rural de La Guajira, o plebiscito foi suspenso em razão do mau tempo. Com a passagem de um furacão, os funcionários do Registro Nacional não conseguiram chegar ao local para entregar o material necessário para a realização da votação.
No começo da tarde, as autoridades afirmaram ter prendido um homem em Medellín responsável por ter realizado diversos ataques cibernéticos aos sites do Registro Nacional e da presidência colombiana. Até o momento, a polícia não registrou incidentes nos mais de 11 mil pontos de votação.