Documento implica forças sérvias na matança de Kosovo

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Por Agencia Estado
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Depois de semanas de depoimentos comoventes de sobreviventes, o tribunal de crimes de guerra da ONU ouviu, nesta quarta-feira, uma fria análise estatística feita por um cientista norte-americano, envolvendo as forças de Slobodan Milosevic nas mortes de 10 mil kosovares albaneses. Centenas de milhares deles foram expulsos durante uma campanha de terror de quatro meses, em 1999 em Kosovo, afirmou o pesquisador independente Patrick Ball, no julgamento de Milosevic. Exibindo uma análise técnica de 70 páginas de dados estatísticos do vilarejo de Morina, na fronteira com a Albânia, Ball disse que as hostilidades sérvias eram freqüentemente seguidas por um fluxo de refugiados de Kosovo. O depoimento contrastou abertamente com as alegações do ex-presidente da Iugoslávia, de que os civis fugiram para a Albânia e Macedônia a fim de escapar dos bombardeios da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) ou das ameaças do Exército de Libertação de Kosovo. Mas esses "dois motivos são estatisticamente improváveis tendo em vista as provas", disse Ball. Pesquisas exaustivas feitas com a Associação Americana de Advogados e o Instituto de Direito do Leste Europeu "tendem a rejeitar essas hipóteses", disse ele. Ao questionar a testemunha, Milosevic acusou Ball de "servir às políticas norte-americanas de escravidão", mas Ball disse-lhe friamente que ele é crítico em relação às políticas do governo dos EUA. "Nunca procurei favorecer os interesses dos EUA através do meu trabalho", afirmou. O documento, publicado pela Associação Americana para o Progresso da Ciência, é uma compilação dos registros efetuados com refugiados pelos guardas da fronteira albanesa, pela ONU e por organizações não-governamentais de direitos humanos.

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