"Eleição acabou, terrorismo não", diz Bush

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Por Agencia Estado
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Apontado como o principal responsável pela vitória que permitiu a seu partido retomar o controle do Congresso nas eleições da terça-feira, o presidente George W. Bush atribuiu hoje o crédito pelo sucesso aos candidatos republicanos à Câmara e ao Senado, e pediu-lhes para levar adiante sua agenda legislativa. Em sua primeira entrevista coletiva após a eleição, Bush destacou como prioridade, agora, a aprovação pelo Congresso do Departamento de Segurança Interna ainda neste ano. "As eleições podem ter terminado, mas a ameaça terrorista permanece real." Bush disse que a "economia está melhorando", embora tenha reconhecido que "pode ficar melhor", e anunciou que trabalhará com o Congresso para a aprovação de novas medidas, no começo de 2003, para ampliar o crescimento e a oferta de empregos. A demonstração de modéstia do líder americano, ao se referir ao sucesso dos republicanos na eleição, pode ser mais do que um competente gesto político, calculado para aquecer o coração de seus correligionários. Embora o pleito desta semana tenha resolvido quaisquer dúvidas deixadas pela controvertida eleição presidencial de 2000 a respeito da legitimidade de Bush e tenha produzido uma nova maioria conservadora no Senado, analistas democratas e republicanos disseram hoje que as urnas confirmaram que os Estados Unidos permanecem um país dividido praticamente ao meio no campo político. Com algumas vagas ainda por decidir, os republicanos deverão ter 51% do Senado e 52% da Câmara na próxima legislatura, que começa em janeiro. Os democratas controlarão a maioria dos governos estaduais, com 52% do total. Dos poucos mais de 77 milhões de votos registrados na terça-feira, a diferença que decidiu em favor dos republicanos as brigas pelo Senado, nos Estados de Missouri e New Hampshire, foi de pouco mais de 40 mil votos. "Tínhamos um país dividido em duas metades de 50% antes das eleições e isso não mudou", disse Al From, o fundador do Conselho Democrata de Liderança, que congrega os centristas do Partido Democrata. "Não creio que a eleição tenham produzido um grande mandato político". Um alto funcionário da Casa Branca disse que os assessores políticos e o próprio presidente estão conscientes do perigo de tomarem os resultados das urnas por mais do que são. "Cinqüenta e um é melhor do que 49, mas não é 60, o que significa que as coisas não vão ser um passeio no Senado", disse a fonte ao Washington Post, referindo-se ao número de senadores necessário para impedir manobras de obstrução parlamentar que os democratas provavelmente usarão para travar propostas de Bush, já aprovadas pela Câmara, como a abertura do Refúgio Nacional de Vida Selvagem do Ártico, no norte do Alasca, para a exploração de petróleo. Entre as prioridades apresentadas hoje por Bush estão novas reduções de impostos, uma reforma que permite a privatização parcial da estrutura da seguridade social, permitindo que os trabalhadores invistam por conta própria parte dos seus fundos de aposentadoria, e a aprovação de uma lei que amplie o acesso dos idosos a medicamentos, mas através de esquemas privados de seguro e não da expansão do Medicare, um deficitário programa federal. Na frente interna, conselheiros republicanos disseram que as eleições podem resultar numa armadilha política para Bush em sua campanha à reeleição, em 2004, se ele usar o resultado para tentar impor ao país uma agenda excessivamente conservadora. Bush indicou hoje que a estratégia para a obtenção de um segundo mandato já orienta sua ações. Ele afirmou: "Se decidir me candidatar, o vice-presidente Dick Cheney será meu companheiro de chapa."

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